quinta-feira, 17 de abril de 2008

VALEU A PENA… começar uma guerra, que não se sabe quando acaba, nem como vai acabar?...

Esta semana o Presidente dos EUA, George W. Bush, fez um balanço público sobre os cinco anos de conflito no Iraque, e afirmou que apesar dos altos custos econômicos e de vidas, valeu a pena ter iniciado o conflito.



Diz ele; George W. Bush:



“Ninguém pode discutir que esta guerra teve um alto custo em vidas e em dinheiro, mas estes custos eram necessários quando consideramos o custo que teria a vitória de nossos inimigos no Iraque...”



Não sou pró-americano, nem pró-terrorista, sou europeu, uma mistura bem latina de; sangues português e italiano, muito menos sou Muçulmano ou Cistão, sou Ateu, sou sobretudo; pró-mim, sem ser obviamente egoísta, ou olhar somente para o meu umbigo que nem “Narciso” na forma de pensar e agir, mas acho que ninguém pode ficar indiferente e viver no Mundo isoladamente.



Temos que tomar posição, mesmo sendo a nossa posição. Por essa forma, ninguém pode ficar indiferente perante estas palavras proferidas pelo homem que se considera quase o “Patrão do Mundo, e logo no Pentágono, No mesmo edifício que sofreu um dos ataques terroristas, no histórico dia 11 de Setembro. No entanto, temos que pensar e refletir muito sobre os números reais, e sobre aquilo que na verdade eles nos podem dizer de positivo e negativo.



Perguntas, muitas. Umas com, outras sem resposta:



O Mundo hoje está mais seguro, mais livre de terrorismo, do que em 2003?



Lamentavelmente a resposta só pode ser: NÃO!



Então afinal o que se ganhou e se perdeu durante estes 1.825 dias de conflito?



É melhor começar pelo que se perdeu, pois na verdade todo o Mundo perdeu muito mais do que ganhou, assim:



Começando pela intervenção de George W. Bush, é bom desde já dizer que o Sr. Presidente dos EUA está profundamente errado ao dizer que ninguém pode discutir os altos custos deste conflito. Ele é Presidente de um País que se diz livre e democrático, e como tal, tudo se tem que discutir, e jamais se pode armar em dono do Mundo, pois o Mundo não tem donos nem senhores, tem homens e mulheres, que de quando em vez são eleitos por outros seus iguais para transitoriamente gerirem os destinos deste ou daquele País. Os altos custos a que ele próprio, faz referencia, dizem assim respeito a ele e a todos nós, a todo o Mundo, embora o conflito, seja lá no Iraque, mas todos acabamos por apanhar por tabela.



Não quero aqui ir discutir, os custos que poderia ter uma hipotética vitória do alegado inimigo, pois para isso teria que ir falar de muitos fatos que somente existiram na mente ‘tacanha’ do Sr. Presidente GWB, do Sr. Blair, Barroso, e de mais uns quantos que na época se entenderam por um prato de ‘lentilhas’ ás idéias e estratégias do Sr. GWB, mas de algo estou de acordo; alguma coisa se teria de fazer, para colocar travão no terrorismo que ocorria, e continua a ocorrer, um pouco por todo o mundo, e não só pelo Iraque.



Mais, tenho que dizer, que; o Iraque, era e é ainda hoje, apenas uma peça, uma pequena peça, do gigante quebra cabeças da enorme política terrorista internacional. Porque é de que os serviços secretos dos EUA e do Reino Unido, entre outros, não deram indicações sobre o terrorismo no Paquistão? Por exemplo!

Será que foi só porque o Paquistão faz parte, já, das chamadas potencias nucleares?

Porque será que não deram indicações sobre o terrorismo na Colômbia, das Farc? Será que é por causa do narcotráfico? De as Farc serem um grupo desordenado e pouco bélico, e confinado a um terrorismo provinciano e bem localizado, por enquanto claro, pois com Hugo Chavez a alimentar idéias, expansionistas e bélicas, nunca se pode imaginar até onde pode ir o amanhã na América Latina...



Mas não, os chamados aliados, de que o atual presidente da Comissão Européia, Sr. Durão Barroso fez parte como; ‘Porteiro, Sopeira e Moço de Recados para carregar a mala’, na Conferencia das Lages, decidiram que seria o Iraque o alvo a atacar e abater, entre aspas, porque o verdadeiro objetivo era inicialmente por um lado individual e personificado numa única pessoa; “Saddam Hussein”, e por outro econômico, ou seja o petróleo que essa pessoa ao mesmo tempo controlava, e com o qual controlava de certa forma o mundo econômico, e consequentemente político.



Realmente abateram o homem, mas não o que ele representava e ainda hoje representa em termos ideológicos, e afinal o que ganharam, e nós o que é que ganhamos com tudo isso?

Tirando o enforcamento de “Saddam Hussein” e o fim prematuro de um tirano, ganhara um conflito já pior que o da Coréia ou do Vietname, e não resolveram a crise nem do petróleo nem do terrorismo. Veja-se que o preço do petróleo já bateu a barreira dos mais de US$ 110 por barril, e não se sabe até onde pode ir nessas suas oscilações de sobe e desce.



E quanto ao terrorismo:

O que se situa fora das fronteiras do Iraque, continua, e com tendência a espalhar-se um pouco por todo o Mundo, e das formas mais variadas, e cada vez mais evoluídas. De que foram exemplos Madrid, Londres, e o que vai acontecendo no Paquistão, e em milhentos outros lugares do Mundo. O que existia no Iraque, lá continua, e bem pior do que isso, aquilo que o próprio George W. Bush nos apresenta são números que comprovam que nada resolveu, observem os dados oficiais:



A GUERRA EM NUMEROS:

Vitimas

2003 – 12.010 mortos

2004 – 10.573 mortos

2005 – 14.324 mortos

2006 – 27.519 mortos

2007 – 24.159 mortos



Mas será que esses números são realmente reais? Alguém acha que é normal morrerem uma media de 66.18 pessoas por dia como aconteceu em 2007, e vir-se dizer que a situação está controlada.



Agora olhem para as mortes registradas só por efeito de bombas. Dados com valores por média diária:



MORTES POR BOMBA

(média diária)

2003 – 0,9 mortos/dia

2004 – 3,2 mortos/dia

2005 – 5,9 mortos/dia

2006 – 8,5 mortos/dia

2007 – 14,0 mortos/dia



Agora olhem com atenção para as mortes registradas só por efeito de armas de fogo, dados com valores por média diária:



MORTES POR ARMA DE FOGO

(média diária)

2003 – 15 mortos/dia

2004 – 18 mortos/dia

2005 – 26 mortos/dia

2006 – 55 mortos/dia

2007 – 39 mortos/dia



Perante estes números, só resta perguntar ao Sr. George W. Bush, em que escola terá andado a aprender álgebra e aritmética, para poder considerar que se registra um consistente abaixamento do terrorismo, no Iraque?



Será que ele considera normal que todos os dias morram 14 pessoas vitimas de bombas, e 39 por ação de arma de fogo?



Será que o Sr. George W. Bush considera controlado um País que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), registrou desde o inicio da invasão, em Março de 2003, um numero de mortos entre os civis que oscila entre os 104 mil e os 223 mil, ou que para a IBC (Iraq Body Count) oscila entre os 82.249 e os 89.760.



Será que o Sr. George W. Bush considera legitimo que entre 2003 e o final de 2007 cerca de 4.000 militares americanos tenham regressado aos EUA encaixados num esquife e embrulhados na bandeira americana?



Eu realmente, por traços familiares, apoio muito a idéia dos romanos sobre a Pax, que para se obter, se tem que começar a preparar a guerra. No entanto o Sr. Bush, passou direto da preparação a ação, e com os Aliados, executou a guerra, e agora verdade se diga nem sabe muito bem porque porta pode sair dela, e entretanto os Aliados, um a um tem saído pela porta das traseiras do edifício, deixando a portaria entregue só aos EUA, e pouco mais.



E dos custos financeiros que este conflito esta a consumir aos cofres norte-americanos é bom nem falar muito, pois segundo dados oficiais da ONG National Priorities Project, já foram gastos mais de US$ 504 bilhões. Segundo o Premio Nobel da Economia, o americano Joseph Stiglitz, esta guerra deve consumir qualquer coisa como US$ 3 triliões só até 2010.

E os custos que vão ficar a pesar nos cofres públicos durante décadas, com pensões aos familiares das vitimas, e os custos para a recuperação da economia americana, e mesmo mundial, esses não foram, e dificilmente conseguem ser contabilizados desde já, pois são imprevisíveis?



Afinal o que se ganhou com esta estratégia do Sr. George W. Bush e seus Aliados?



Segundo ele, o próprio; George W. Bush:



“Porque nós agimos, Saddam Hussein não mais enterra restos de homens, mulheres e crianças inocentes. Porque nós agimos, s câmaras de tortura e estupro de Saddam e as prisões infantis foram fechadas para sempre. Porque nós agimos, o regime de Saddam não mais invade ou ataca povoados com armas químicas e mísseis balísticos”.



”Os ganhos que obtivemos são frágeis e irreversíveis, mas, nesse aniversário, o povo americano deve saber que desde que tudo começou, o nível de violência caiu significativamente, as mortes de civis diminuíram, as matanças sectárias também”.



“... a batalha no Iraque vai termin ar em vitória”.



Mas afinal, eu pergunto: Mas a invasão do Iraque não era para acabar com o terrorismo?

Mas ele não esta a falar do terrorismo mundial, ele esta a falar de problemas internos de um País concreto, o Iraque. Problemas que deveriam ter sido resolvidos sim, por exemplo, pela intervenção armada, sem duvida, mas dos capacetes azuis das Nações Unidas, ou de outro tipo de intervenção. O presidente francês Chirac tinha razão ao não apoiar este tipo de intervenção, e nós devemos escutar sempre um pouco as palavras dos mais velhos e experimentados da vida.



O Mundo ficou realmente livre de um Tirano, mas existem tantos outros por ai, e continuam a passear-se e a viver livremente, sem que ninguém lhes de caça num qualquer buraco em uma qualquer aldeia desse Mundo sem fim.



Será que o Sr. José Eduardo dos Santos, por exemplo, é menos tirano que Saddam, apenas porque não manda gazear a malta que vive nas planícies do Sul de Angola?

Será que o regime da Coréia é menos tirano, só porque pertence ao chamado grupo atômico?

Será que Hugo Chávez é ‘bonzinho’, e não é tirano, debaixo da sua sebosa blusa encarnada, só porque o Rei Juan Carlos, de Espanha o manda calar, e ele se cala mesmo na hora, respeitando sua alteza real?

Será que Cuba é já uma democracia, só porque o Fidel resolveu ir a banhos, e deixar o mano a tratar dos ‘puritos’ e das ‘puritas’?

Será que no Irão se vive livre e sã mente em paz e tranqüilidade, sem tirania?

Será que mesmo na América, em todos os Estados se vive livremente???



Pois é Sr. George W. Bush, o senhor pode ser um bom vaquejador, lá na herdade do Texas. Pode ser um bom contador de anedotas e fazedor de gafes, mas; quanto a política externa, pois pode limpar as mãos á parede por causa da grande ‘m****’ que vai deixar para trás, quando no final do ano deixar a Casa Branca.



O Mundo vai ficar com uma imensa batata quente entre mãos. O mundo está menos seguro, mais globalizado e mais curto em termos de distancias, tempo e capacidade para combater o terrorismo. E quem o for substituir, seja a madame Clinton, o muçulmano Obama, ou o piloto McCain, não conseguira fazer muito melhor, porque as condições que foram criadas, deixaram os EUA de tal forma comprometidos numa região que não podem fazer as malas e partir de um dia para o outro, isso seria ainda pior do que tentar ir entregando o poder ao iraquianos.



Por outro lado, ninguém se pode esquecer que o Iraque esta encravado entre verdadeiros potentados do terrorismo; por uma lado a Síria, por outro o Irão, sem esquecer que a Arábia Saudita é também um ninho de víboras em gestação...

Mesmo dentro do Iraque ninguém pode omitir que existem problemas de etnias tremendos com os 60% de muçulmanos xiitas, 37% de muçulmanos sunitas, e ainda 3% de cristãos e outras religiões.

A questão de etnia é também, tão o mais importante com os 80% de árabes, 15% de curdos e 5% de Turcos, sírios e outros.



Eu resumiria que o Iraque continua a ser um autentico paiol de pólvora, sempre a explodir, e que ninguém pode antever quando se vão acabar os explosivos.



Aquilo que nos conduziu a todos nós a estarmos metido num paiol de explosivos, e dessa forma a esta situação atual, foram; estratégias erradas, de pessoas erradas, que estavam nos locais errados na hora errada, e que obrigam a que cada um de nós viva no mundo tão ou mais escondido que cada um dos terroristas.



Eles, os terroristas, passeiam-se pelas avenidas, ruas e becos do Mundo. Passeiam-se livremente, respirando o ar das montanhas, admirando os pássaros nas arvores, a natureza florescendo em cada primavera, banhando-se nas águas tépidas dos oceanos, como se de turistas se tratassem.

Nós, os cidadãos do Mundo que pugnamos pela paz, que não apoiamos a guerra nem queremos dela participar voluntariamente; ficamos fechados em casa, vemos o mundo pela janela da mídia, respiramos o ar dos ventiladores e dos aparelhos de ar condicionado. Admiramos os pássaros de plástico que nem piam, e tomamos banho nas banheiras das casas tipo caixa forte de banco, com a água das estações de tratamento de águas residuais que aproveitam aquilo que diariamente os terroristas mijam e cagam pelo Mundo fora.

Sim, hoje os verdadeiros terroristas somos todos nós, que nos auto bombardeamos dia-a-dia para assim tentar conseguir sobreviver!

João Massapina - 2008-03-22

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