quinta-feira, 17 de abril de 2008

CHINA... NÃO OBRIGADO!

A situação de que vive atualmente na China só pode constituir alguma surpresa para aqueles que andavam inebriados pelo poderio econômico, e cultural daquele gigante asiático.



A China pode ser, que ninguém o duvida, um potentado em termos econômicos, e culturais, mas muito mais do que isso é um dos Países do mundo onde menos são, diariamente, respeitados os direitos humanos.



Estranhei, portanto, que o COI - Comitê Olímpico Internacional, tivesse nestas condições, e em devido tempo atribuído os Jogos Olímpicos de 2008, á China, em detrimento de outras candidaturas; tão ou mais preparadas para essa realização desportiva universal, mas que em termos de direitos humanos e de liberdade, são as antípodas daquilo que se pode observar na nação comandada com mão de ferro deste Pequim.



Agora, a poucos meses da realização das Olimpíadas, o Mundo acorda finalmente para a dura realidade de ter que mandar os seus atletas para competir num País onde são cometidas as mais bárbaras atrocidades que se possa imaginar em termos de violação dos direitos humanos.



Comparar aquilo que acontece concretamente hoje, ano de 2008, século XXI, na China, com o que acontecia na Alemanha, nos anos 30 do século passado, é dar uma certidão de bons costumes e bom comportamento a Adolfo Hitler, e a todo o seu regime, quando realizaram os Jogos Olímpicos de Berlim.



O COI justifica a atribuição com a promessa de alterações profundas na China. Mas na verdade aquilo a que estamos a assistir, já nos dias de hoje, é bem o contrário disso.



A situação que se vive no território autônomo, (embora sem autonomia nenhuma), do Tibete, e agora as mais recentes prisões de ativistas dos direitos humanos, como a de Yang Chunlin, ocorrida á pouco mais de duas semanas, e a do premiado pela RSF, Organização Internacional – Repórteres Sem Fronteiras, Hu Jia, já acontecida nesta semana, debaixo de alegações patéticas, e sem a mínima credibilidade, são para todos nós bem o exemplo da política de abertura que a China está a mostrar ao Mundo, e do muito que promete poder vir a fazer a curto e médio prazo, se tal lhe continuar a ser permitido.



Também nos anos 30 do século passado, uma das condicionantes manifestadas ao COI, foi precisamente, a promessa da Alemanha Nazi, em rever algumas das suas praticas políticas, e os resultados, foram, como todos sabemos, bem diversos, e com resultados catastróficos para a Humanidade.



Cuidado! Mas mesmo muito cuidado, pois que a história vai-se repetindo em círculos concêntricos, e de quando em vez, e, sobretudo, naquilo que é mais negativo, surgem repetições, normalmente muito trágicas, e até mais trágicas que as anteriores.



A China está como que a testar a paciência internacional, e a analisar qual é a sua real capacidade em termos de imagem externa, na política internacional.



Tarde demais para retirar os Jogos Olímpicos a Pequim, mas ainda muito a tempo para que os mesmos não se realizem nas condições em que vão ter lugar. Que ninguém se admire com a possibilidade da não realização dos Jogos Olímpicos, pois que alias ao longo da sua historia já aconteceu, embora por razões diversas.



Duvido muito, que a anulação da realização dos Jogos Olímpicos possa acontecer, para não afirmar desde já que isso não vai acontecer, uma vez que a hipocrisia das grandes nações, e dos grandes (pequenos) lideres, vai ao ponto de se manifestar de uma forma e com uma cor para os mídia e para a opinião publica internacional, mas nos gabinetes e nos grandes fóruns internacionais, ri e bate umas palmadas amigáveis nas costas dos usurpadores da liberdade e dignidade humana, como se isso fosse algo de perfeitamente normal e natural, e como se um democrata e um ditador, fossem uma e a mesma pessoa em termos de caráter e determinação.



Só que o cinismo e a hipocrisia não são normais, e tem custos muito elevados ao longo do tempo.



A Comunidade Européia mandou um postal ilustrado para Pequim, em jeito de recado, solicitando a libertação imediata de Hu Jia. Mas quem pode levar a serio esse recado, esse postal de iminente posição, que acaba por não ser posição nenhuma?



Ninguém pode levar com total convicção e convencimento essa atitude, pois como se sabe na semana passada; a própria China, ameaçou a Comunidade Européia, para não se imiscuir em assuntos que para eles são considerados internos, e da sua exclusiva e arbitraria competência, e a Europa nem uma simples resposta se deu ao trabalho de formular, e bem entendido aquilo a que assistimos foi uma autentica ameaça em termos pelo menos econômicos.



Dos EUA nem um aí se escutou até este momento, e assim vai o resto do Mundo. Impávidos e serenos, olhando para o céu, e esperando pelo mês de Agosto para fazer uma grande festa de cinismo, como se tudo estivesse na mais completa compostura humanitária.



Espero muito sinceramente que exista um pingo de vergonha na cara de alguns lideres e dos cidadãos de alguns Países, que batem no peito e se clamam grandes defensores dos direitos humanos, para na hora própria dizerem bem alto ao Mundo:



China, não obrigado!



‘João Massapina

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