segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Direito a vaga na garagem deve ser discutido em assembleia

Cada prédio tem a sua regra. Sempre dá discussão. As pessoas precisam se informar antes de comprar ou alugar um imóvel.
Em uma cidade como São Paulo, onde há 27 mil edifícios, esse problema se multiplica. Muitos são com vagas contadinhas. Quando sobra uma, ela é disputada. O gráfico Manoel Forniele tinha direito a três. Uma delas alugou para a vizinha: “É um dinheirinho a mais”.

O especialista em direito imobiliário Márcio Rachkorsky lembra que o Código Civil também permite o aluguel para pessoas que não são moradoras do prédio. Por questão de segurança, ele sugere que o condomínio discuta o assunto, em uma assembleia.

“A grande dica é não permitir a venda e a locação para terceiros, só usa a vaga de garagem, quem efetivamente mora no condomínio”, diz Márcio Rachkorsky.

Existem dois tipos de garagem: autônoma e indeterminada. Na primeira opção, o dono do imóvel tem a escritura, paga IPTU e pode vender a vaga. A indeterminada permite que o morador alugue a garagem, mas ele não pode vender, porque ela faz parte do apartamento.

Na vaga da garagem, o morador só pode parar o carro. Mesmo que não tenha veículo para estacionar, não deve colocar, por exemplo, móveis, eletrodoméstico e transformar o espaço em um depósito. Cada condomínio define regras e tem um regimento interno para punir quem desrespeita essas regras.

Um prédio quase multou um morador que lotou a vaga de bugigangas. “Carrinho de bebê, caixas, coisas que não cabiam na casa dele”, diz a síndica Luciana Sanches.

Depois de muita conversa, o morador retirou tudo. Lugar de moto é na vaga de moto. Não pode ficar junto com o carro, na mesma vaga. A única exceção é para as bicicletas, porque por enquanto não existe um bicicletário.

No prédio, foram construídos vários quartinhos na garagem. É um cantinho para colocar a bagunça e deixar as vagas livres para os carros. Em outro condomínio, a saída para evitar discussões foi contratar manobristas.

Antes de alugar ou principalmente comprar um imóvel não esqueça de olhar a garagem. A vaga pode se transformar num problemão, difícil de administrar.

“Você realiza o sonho da casa própria, compra o apartamento lindo e quando vai ver o carro não cabe na sua vaga”, destaca o advogado Márcio Rachkorsky.

Colocar móveis e objetos nas vagas de garagem também desvalorizam o empreendimento. O prédio tem seguro e quando a seguradora faz a vistoria, presta atenção a esse tipo de uso inadequado.

sábado, 28 de novembro de 2009

FINALMENTE, UM DISCURSO INTELIGENTE SOBRE A CRISE, DÍVIDA E CRESCIMENTO

JEAN-PAUL FITOUSSI PRESIDENT DE L'OBSERVATOIRE FRANCAIS DES CONJONCTURES ECONOMIQUES (OFCE)
Jean-Paul Fitoussi: "Je verrais bien 100 milliards d'euros et même plus"

http://www.lesechos.fr/info/france/300387686.htm

A quelques jours de la remisedu rapport de la commission Juppé-Rocard, le débat fait rage au sein de la majorité surle montant du grand emprunt. Est-ce le bon angle d'attaque ?
L'ampleur du grand emprunt doit être à la mesure de notre ambition. S'il est petit, cela veut dire que nous sommes timorés, que nous craignons l'avenir. Si on veut redonner confiance aux populations dans le futur - et nous entrons dans une société de défiance où le futur apparaît déprécié et injuste -, il faut des actes de courage politique. La France fonctionne par grandes annonces qui mettent la parole publique en jeu. Si la " baudruche " se dégonflait, avec un grand emprunt autour de 10 milliards d'euros, cela indiquerait que le gouvernement n'a plus confiance en l'avenir. Le débat sur le montant est en ce sens magnifique, il oblige le gouvernement à aller dans la bonne direction.
Quel montant préconisez-vous alors ?
Le minimum, pour moi, c'est 50 milliards d'euros et cela me paraîtrait précautionneux. Je verrais bien en réalité 100 milliards d'euros et même plus. Le moment n'a jamais été aussi propice à la prise de risques.
Les Français, qui voient l'état des finances publiques, ne sont pas très allants...
Les Français sont angoissés parce qu'on ne leur parle que de la dette. C'est un effort de contre-pédagogie qui s'apparente à un lavage de cerveau. Si la dette était si mauvaise, il n'y aurait pas d'entreprises ! Il n'y a pas de risque sur la signature de la France et un emprunt n'a jamais appauvri une nation s'il correspond à la construction d'un actif : à l'emprunt correspondra un actif patrimonial d'au moins égal montant. Il serait étonnant qu'au moment où il exalte l'esprit d'entreprise le gouvernement soit timoré. Ce qui m'inquiète, c'est la hausse du stock de chômeurs, pas celle du stock de dette.
Pourquoi nos voisins européens ne se sont-ils pas engagésdans des projets similaires ?
Ce n'est pas une raison de ne pas le faire. Les autres pays européens se sont engoncés dans des attitudes doctrinales - c'est le cas de l'Allemagne -, se considèrent insolvables - c'est le cas de l'Italie - ou ils ont été trop frappés par la crise, comme l'Espagne. La France doit justement donner le leadership, parce qu'elle est moins frappée par la crise et parce qu'elle a une grande expérience de ces questions. La croissance française d'aujourd'hui dépend des investissements qui ont été faits il y a vingt ans : le nucléaire, le TGV, l'aéronautique...
Un débat persiste au sein de la Commission pour savoir s'il faut ou non que le grand emprunt finance des infrastructures...
Tout dépend de leur rentabilité. Construire des tunnels entre la France et l'Italie présenterait une grande rentabilité économique, tout comme la rénovation urbaine : la baisse des temps de commutation augmente la productivité et le bien-être, ce qui porte ses fruits tout de suite et à très long terme. Sur l'économie de la connaissance en revanche, au lieu d'investir dans les systèmes d'organisation, il faut faire un pari sur les hommes, car la liberté est consubstantielle d'une bonne recherche.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os 10 dramas de Pinto Monteiro

Teve uma raposa como animal de estimação, mas a caça à corrupção está a correr-lhe mal. Conseguiu uma condenação a um corrupto: uma multa de cinco mil euros. Suspeita que tem o telemóvel sob escuta e não consegue desembrulhar-se dos mega-processos. É o Procurador-geral da República portuguesa…

O discurso de posse prometia um vingador: "Várias leis foram elaboradas com o fim de combater a corrupção, várias experiências foram tentadas, várias iniciativas tomadas, mas a corrupção está aí, tão viva como sempre, minando a economia, corroendo os alicerces do Estado democrático. É aqui, penso, que se coloca um dos pontos-chave da luta contra a corrupção em Portugal. É fundamental a criação de um juízo de censura, de um desejo de punibilidade existente na consciência moral do homem médio, que por isso deve ser sensibilizado para o problema". Dito isto, Pinto Monteiro, 67 anos, natural de Almeida, tomou conta da Procuradoria-geral da República a nove de Outubro de 2006. Três anos depois, está embrulhado em mega-processos que envolvem o primeiro-ministro, proeminentes figuras do PS e do PSD, ex-autarcas e autarcas ainda em funções. Saberia Pinto Monteiro que os seus potenciais alvos não seriam criminosos vaga-lume, mas sim os agora mais conhecidos e notados da política nacional?
Por causa da delicadeza dos casos, que passam pelos bancos, pelos partidos e pelo sector empresarial do Estado, Pinto Monteiro já foi chamado a Belém, a São Bento e à Assembleia da República. Mas, aparentemente, ninguém fica contente com as suas explicações. Foi acusado pelo PSD de ceder a pressões de José Sócrates nos casos BPN e Operação Furacão. Foi sugerido pelo PS para o cargo porque, dizia-se, não nutria simpatia pelos socialistas. Incomoda o CDS no caso dos “submarinos”, ainda que ninguém perceba nada do caso e que não exista acusação formal.
Pinto Monteiro chegou entre o rufar dos tambores justiceiros e a tentativa de apagar a má memória que tinha deixado o antecessor, Souto Moura. Um dia, confessou, julgava ter o telemóvel sob escuta. “Aquilo faz um barulho esquisito”. Seria apenas mais um dos principais garantes da democracia a ser escutado: Sócrates foi-o no âmbito do processo “Face Oculta”, o Presidente da República teme tê-lo sido – e disse-o publicamente.
É nesta República que Pinto Monteiro é Procurador-geral. E estes são os dez casos em que tem as mãos (e o pescoço) metidos.
Os 10 dramas de Pinto Monteiro
Casa Pia (em julgamento)
O julgamento do processo Casa Pia ameaça ultrapassar as 500 sessões. A acusação feita pelo Ministério Público, segundo as notícias que saem da sala de audiências, esboroa-se a cada sessão. Apenas os factos apresentados contra Carlos Silvino, o motorista da Casa Pia acusado de violação e proxenetismo se mantém em pé. Réus como Carlos Cruz ou Ferreira Diniz estão cada vez mais descansados, porque, aparentemente, os dias e as horas dos alegados crimes não coincidem com as provas e os testemunhos. E do socialista Paulo Pedroso já todos parecem ter-se esquecido. Pinto Monteiro apanhou o caso a meio, uma espécie de herança do seu antecessor, Souto Moura. Agora, o procurador João Aibéu tenta salvar a “honra do convento”, mas a cada acusação parecem surgir mais testemunhas, mais contra-provas e mais problemas. O caso, que data de 2003, ainda não tem fim à vista – nem se sabe onde param as certidões que em tempos o MP disse terem sido extraídas para mais investigações e acusações.
Carolina Salgado
Pinto Monteiro assegurou ao País que estava a ler o livro “Eu Carolina”, escrito pela ex-companheira de Pinto da Costa, o presidente do Futebol Clube do Porto. Leu, mas não disse se gostou ou não. As acusações de Carolina Salgado lá chegaram a tribunal, mas nem ela nem os alegados culpados de corrupção de árbitros, troca de favores por sexo com prostitutas e agressões físicas tiveram, neste caso, desfecho de cárcere. O outro processo, “Apito Dourado”, esse sim, já condenou pequenos dirigentes e agentes de segurança. Pinto da Costa, acusado no livro pela sua ex-mulher, escapou.
Voos da CIA
A edição portuguesa da revista “Focus” alertou para a existência de voos ilegais da CIA a passar em Portugal. Ana Gomes fez disso “cavalo de batalha” no Parlamento Europeu. O escândalo tornou-se mundial, mas Pinto Monteiro acabaria, já este ano, e depois de três anos de investigação, por arquivar o processo. O pingue-pongue entre Sócrates e Monteiro foi visível quando, no início de 2009, o primeiro-ministro remetia todas as respostas para a procuradoria. Em resumo: vários países, incluindo Espanha, provaram que o seu espaço aéreo foi violado pela secreta norte-americana. Mas no nosso país, um espaço aéreo utilizado, de certeza, pois as rotas que a Espanha e outros Estados indicaram tinham mesmo de cruzar o nosso céu, em Portugal, dizíamos, nada. Arquivado.
Freeport
Duas dores de cabeça. A primeira a investigação em si, com a aparente indigência do Ministério Público, que admitiu ter a investigação parada durante anos por causa da falta de recursos humanos em Alcochete. Depois, uma investigação que parecia andar a conta-gotas, ao sabor das notícias da comunicação social. Em causa a aprovação da construção de um espaço comercial às portas de Lisboa. Suspeita-se que uma firma britânica terá pago luvas a agentes políticos para aprovar o Freeport. À época, o principal responsável político era o actual primeiro-ministro, José Sócrates. Um vídeo mostra um dos promotores do negócio a acusar directamente Sócrates de ter recebido luvas. A investigação britânica foi arquivada, porque para nas terras de Sua Majestade, o assunto não passa de um caso de fuga ao fisco local. Por cá até já tem arguidos. Mas as sessões em tribunal tardam a ver-se.
Outra dor de cabeça foi a alegada interferência do presidente do Eurojust, Lopes da Mota, junto dos dois procuradores que conduzem a investigação. Lopes da Mota foi acusado pelos homens de Pinto Monteiro. Mas o caso perdeu-se nas prateleiras da investigação. Ninguém foi condenado. Pinto Monteiro chegou a dizer que o Eurojust tinha sido afastado do processo – apesar de ser o organismo que deve coordenar as investigações das polícias da União Europeia. Mas era mentira: o Eurojust afastara-se ele mesmo, antes de o Procurador o solicitar.
UNI / Diploma de Sócrates
Mais um caso sem conclusão. Quando se soube que o actual primeiro-ministro tinha sido licenciado a um domingo e que o seu último exame tinha sido entregue por fax, Pinto Monteiro disse que iria investigar o caso. Nenhum resultado se conhece até agora. E a Universidade Independente acabou. Do processo de má gestão e desvios de dinheiro resulta apenas um detido, Rui Verde. Mas sobre a investigação à metodologia seguida na UNI para licenciar os seus alunos, nada mais se soube. Pelo menos da parte de Pinto Monteiro.
Maddie McCann
A menina de cinco anos, que desapareceu de um aldeamento turístico no Algarve, provocou mais uma troca de correspondência entre Portugal e Inglaterra. As autoridades britânicas criticaram violentamente a investigação portuguesa, que nunca foi capaz de se decidir por uma das duas teses: ou assassinato ou desaparecimento. Pinto Monteiro teve ainda de lidar com os desajustes da Polícia Judiciária, que ao despedir Gonçalo Amaral da investigação do caso o tornou um mártir. Amaral escreveu um livro onde afirma que Maddie morreu no quarto. Foi processado pelos pais da menina. A Procuradoria-geral da República, depois de algumas declarações de circunstância durante dois anos, decidiu arquivar o processo. Nem morta nem desaparecida. Apenas arquivada.
Bragaparques
Um processo complicado, que implicava a tentativa de suborno de agentes políticos da Câmara Municipal de Lisboa por parte da empresa minhota Bragaparques, envolvida em vários negócios na capital – entre eles, o dos terrenos da antiga Feira Popular. Já em Fevereiro deste ano, e depois de serem ouvidas dezenas de pessoas, Domingos Névoa, o administrador da empresa, seria condenado a pagar uma mera multa de cinco mil euros por ter tentado corromper o vereador José Sá Fernandes, então do Bloco de Esquerda. A tentativa de corrupção foi gravada e publicada pelo jornal “Expresso”. Pinto Monteiro, sabe-se, ficou incomodado com a decisão judicial – considerou-a branda.
Portucale
O abate de sobreiros em terrenos perto de Lisboa e a eventual operação financeira que teria, alegadamente, levado dinheiro aos cofres partidários, esteve também sob alçada do actual Procurador Geral da República. O caso continua a ser investigado, sem conclusões. Os responsáveis políticos estão intocados, os responsáveis empresariais também. Pinto Monteiro nada diz sobre este processo há meses.
BPN
A alegada gestão danosa do Banco Português de Negócios já deteve o seu antigo dirigente, Oliveira e Costa, e lança sombra suspeita agora sobre várias pessoas, entre as quais Manuel Dias Loureiro, antigo Conselheiro de Estado e administrador do banco. O drama é tão grande que envolveu a nacionalização da instituição, não fosse o tecido bancário nacional rasgar-se. Ao Ministério Público pede-se que acuse os autores da má gestão e dos alegados ilícitos criminais. Mas até agora, nem sequer foi deduzida acusação contra Oliveira e Costa, que tem data limite de 21 de Novembro. “Esperemos que nessa altura – se não houver nenhum terramoto, se não houver nada que nos transtorne os planos –, os meus colegas, que estão a trabalhar neste processo muito complexo, consigam impedir a alteração da situação em que os arguidos se encontram”, disse Cândida Almeida, a procuradora que coordena o processo. Em suma: nos EUA Madoff foi acusado de fraude a 12 de Dezembro de 2008 e condenado a 29 de Junho de 2009. A 18 de Fevereiro de 2008 rebentou o escândalo BPN, que ainda nem sequer tem acusação formada.
Face Oculta
Um sucateiro de Águeda, vários quadros médios de empresas do sector empresarial do Estado, um vice-presidente do maior banco privado português – e amigo do primeiro-ministro – são as principais personagens da história mais recente dos escândalos portugueses. Na investigação a PJ escutou Armando Vara e José Sócrates em conversas sobre temas que, alegadamente, passam pela comunicação social, a salvação de um grupo privado de comunicação social e o financiamento do PS. As escutas a Vara e Sócrates sobrepuseram-se ao crime de colarinho branco. Uma guerra entre Pinto Monteiro e um velho adversário, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, fez com que as ditas conversas – gravadas em 52 cassetes – fossem ou estivessem a caminho da destruição. O Procurador desespera e anuncia que esta semana diz mais sobre o caso. Noronha do Nascimento, o presidente do “Supremo”, sacode a água do capote. A oposição critica a Justiça. O primeiro-ministro diz que isto “já passou todas as marcas”.
O Diábo

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Qual a idade certa para ter celular

Tem gente que não desgruda de um aparelhinho que mistura telefone, videogame, máquina fotográfica, MP3 e até computador. Já deve saber que objeto é esse; pois cada vez mais gente da sua idade tem. Pesquisa da Fundação Telefônica diz que metade das crianças entre 6 e 9 anos de áreas urbanas do Estado de São Paulo possui celular.

Qual é a idade certa para isso? Alguns especialistas afirmam que 12 anos é a ideal. Outros garantem que não é bem assim. Tudo depende se o uso é realmente importante para a comunicação com a família. Isso mesmo: não vale ter só porque é bonito ou o amigo tem.

Isabella Wasser de Mello, 10 anos, de Santo André, ganhou o primeiro celular há dois anos para falar com os pais quando necessário. "Levo comigo todos os dias. Deixo na cintura." O aparelho de Isa é pré-pago, o plano em que se compram os créditos e se utilizam até acabar. "Meu pai me conhece, diz que se não fosse assim, não iria dar certo", afirma a menina, que adora papear com as amigas.

Matheus Satlher de Oliveira, 7, também ganhou um para se comunicar com a mãe que trabalha até tarde. E já descobriu que precisa ter responsabilidade para usá-lo. "Não pode ligar para qualquer telefone que aparece na TV." Ele sabe que não pode levá-lo à escola, em Diadema, onde estuda. Na realidade, uma lei estadual de 2007 proíbe o uso do aparelho nas escolas durante o horário de aula.

NEM PENSAR - Desde os seis anos, Nathalia Miller Magnani, 9, sonha em ganhar um celular, mas seus pais acham que ainda é cedo, por acreditarem que não é tão importante para o dia a dia da filha. "Todos os meus primos têm. Queria saber como é ter um." Na sua opinião, gente da sua idade pode ter desde que o utilize com responsabilidade, sem passar trote nem ficar papeando.

Não é brinquedo, não!

Embora tenha joguinhos divertidos, é preciso saber que celular não é brinquedo. Também não serve para mandar mensagens quando se pode dar o recado pessoalmente.

Sua finalidade básica é permitir a comunicação quando não se tem aparelho fixo disponível ou vai ligar para quem está na mesma situação. É tarefa séria cuidar dele: tem de verificar sempre o nível da bateria e recarregá-la, não deixá-lo em qualquer lugar, estar atento para não derrubá-lo e perdê-lo, entre outros cuidados.

No entanto, existe algo mais importante do que tudo isso. Da mesma maneira que não se pode conversar com estranhos na rua, não se deve bater papo no celular com quem não se conhece nem dizer nome completo, endereço e outros dados pessoais. Isso tudo pode ser muito perigoso. "Não pode dar o número para desconhecido. Pode ser uma pessoa má que finge ser amiga", explica Maria Eduarda Arnolde, 7 anos, do Colégio Pueri Domus, em Santo André, que usa o celular para se comunicar com os pais.

Novo só se quebrar

Ter celular para se comunicar pode ser importante, mas tem de concordar que não é preciso comprar um novo a toda hora. "Por que trocar se está funcionando? Isso é desperdício!", afirma Davi Cálice, 8 anos.

No Instituto Educacional Stagium, em Diadema, onde estuda, ele e os amigos desenvolveram um trabalho sobre lixo eletrônico (composto por aparelhos tecnológicos, como computador, televisão, rádio). Quanto mais as pessoas compram sem necessidade, maior a quantidade desse tipo de detrito. O planeta recebe cerca de 50 milhões de toneladas desse lixo por ano.

Para piorar, tem quem jogue o aparelho velho no lixo comum. A bateria possui substâncias tóxicas, que poluem o solo e a água, trazendo riscos à saúde. "Se quebrar, tem de entregar para uma empresa que cuida desse lixo e recicla", explica Davi. Outra dica bacana é doar o aparelho em bom estado.

SEM EXAGERO - Ficar o dia todo grudado no aparelho não é nada saudável. No ano passado, na Espanha, dois adolescentes, de 12 e 13 anos, foram internados para se curar do uso excessivo que acabou virando vício. Eles passavam seis horas por dia mexendo no celular.

É necessário dividir o tempo entre escola, brincadeira, lição de casa, televisão, descanso, esportes, entre outras atividades. E nunca esqueça que a conversa ou a troca de mensagens pelo celular não substitui o convívio direto com as pessoas.

Saiba mais

- A ligação de celular é bem mais cara do que a de telefone fixo. O preço, em média, é sete vezes maior, mas varia muito, dependendo da operadora e do plano (tipo de serviço). Cada minuto falado de um pré-pago para outro custa, em média, R$ 1. De um fixo para outro é R$ 0,15.

- Não é educado escutar música no celular com volume alto, sem fone de ouvido. Você pode incomodar quem está ao redor, principalmente se não curte o mesmo estilo musical.

- Desligue o celular ao entrar no cinema ou teatro. Não há nada mais desagradável do que ser incomodado no meio da história. Faça o mesmo na igreja e na escola.

- Não fale alto ao celular, principalmente na frente dos outros. Procure um lugar mais reservado.

- Nunca passe trote nem utilize o celular para ofender alguém.

- Desligue o celular na hora das refeições. É falta de educação falar ao telefone enquanto come.


Consultoria de Claudemir Viana, gestor da comunidade virtual Minha Terra do portal EducaRede, Laís Fontenelle Pereira, coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, e Fábio Arruda, consultor de etiqueta e colunista da Dia-a-Dia Revista

sábado, 7 de novembro de 2009

Desigualdades & hipocrisia, SA (in JN)‏

Por outras palavras, Manuel António Pina

Governado há três décadas por partidos com "social" no nome (Partido Socialista, Partido Social-Democrata, Centro Democrático e Social), Portugal é o país da UE onde é… maior a desigualdade social. O actual governo socialista desmentiu apressadamente a constatação, divulgada pela Comissão Europeia. Que não, que isso foi em 2004; porque, em 2006, a Letónia bateu o vergonhoso recorde e já é uma sociedade ainda mais desigual que a portuguesa… É neste quadro, em que não há ainda mais pobres porque os impostos servem para subsidiar muitas famílias, que o presidente da GALP deita para os impostos a culpa de os portugueses pagarem os combustíveis tão caros. Ferreira de Oliveira conta que sejamos também os mais estúpidos da Europa e ignoremos que, antes dos impostos, Portugal já tem combustíveis muito mais caros que a média europeia (0,628 euros contra 0,601 no gasóleo e 0,545 contra 0,524 na gasolina). O que, acrescentado ao facto de a GALP e mais petrolíferas pagarem, em Portugal, salários 50% inferiores à média da UE (11 euros/hora contra 25,1 na UE a 15 e 20,4 na UE a 27), explica os seus escandalosos lucros (1,2 milhões de euros/dia só a GALP). Não somos apenas o país da Europa onde a desigualdade é maior, somos ainda aquele onde é maior a hipocrisia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Asterix e Obelix completam 50 anos

As aventuras dos anti-heróis gauleses têm fascinado gerações e ocupado até mesmo cientistas políticos. "Asterix e os godos" é uma importante contribuição para o estudo das relações franco-alemãs no início de 1960.




Em 1959, o milagre econômico dominava a Europa. Os heróis protagonizavam histórias de amor, salvavam moças e se apaixonavam. Ninguém se interessava por aventuras de romanos ou gauleses. Mesmo assim, em 2009 Asterix celebra 50 anos.

Nascidos em uma noite


Na realidade, Asterix, Obelix e companhia não eram para existir. O plano original era criar uma série de histórias em quadrinhos sobre o clássico Le roman de Renard para o lançamento da revista francesa Pilote. Os cartunistas encarregados de adaptar as aventuras da ladina raposa medieval eram René Goscinny e Albert Uderzo. Porém, após escrever e desenhar a primeira página, descobriram que outro autor de HQ já se ocupava do mesmo material. E, pressionados pelo tempo, criaram os anti-heróis Asterix e Obelix em uma noite. Assim nascia um sucesso internacional e uma mina de ouro para seus criadores: 50 anos depois, os quadrinhos já venderam 300 milhões de exemplares, foram lançados 12 filmes baseados neles. As aventuras dos gauleses já foram traduzidas em 100 idiomas, na Alemanha também nos dialetos bávaro, saxônio e suábio.

Tipicamente francês


As personagens de Goscinny e Uderzo são também a alegria de historiadores e filólogos. Docentes de grego antigo e latim usam os diálogos nos balões para explicar conjugações e declinações. Já se publicou literatura científica de acompanhamento sobre Asterix, e até mesmo cientistas políticos têm se ocupado de suas aventuras. Uma chave desse sucesso é o fato de a publicação apresentar uma imagem oposta ao mundo dos heróis dos filmes e quadrinhos estadunidenses, "algo tipicamente francês", como explica Uderzo. E assim, os gauleses tomaram o lugar dos índios. "Eu queria um anti-herói, um baixinho", lembrou Goscinny certa vez, numa entrevista. "A ideia era Asterix ser um nanico, tão perceptível quanto um sinal de pontuação. Para mim era importante que fosse uma figura engraçada por si." Além disso, os protagonistas têm humor e senso de observação, são rebeldes simpáticos e justos, cujas histórias já se tornaram parte do patrimônio educativo. Asterix é adorado tanto pelos escolares e crianças quanto por pais e professores: ele une as gerações.

Asterix e os bárbaros


O tema das relações franco-alemãs foi abordado no terceiro número da "série clássica", Asterix e os godos, de 1963. Esse está longe dos simpáticos e levemente provocadores clichês humorísticos das outras aventuras. Os alemães são bárbaros, são líderes e carrascos com obsessão militar. E nesse número, Asterix não ajuda a ninguém. Isso reflete as experiências pessoais dos autores. O politólogo Alfred Grosser, um dos mais destacados teóricos da reconciliação franco-alemã, chega a classificar esse número como uma importante obra política, por retratar o estado das relações binacionais no início da década de 1960. Mas a primeira fase do lançamento de Asterix na Alemanha tampouco foi fácil.

Em 1965, Rolf Kauka, editor das história com os personagens Fix e Foxi, comprou os direitos de publicação. Porém, ao invés de deixar as figuras em sua ambientação original, ele as germanizou. Asterix virou Siggi, Obelix tornou-se Barbarras. Numa tentativa de refletir a situação política então atual, os gauleses foram transformados em germanos ocidentais, os romanos viraram norte-americanos mascadores de chiclete. A graça se perdeu, o lançamento estava fadado ao fracasso. Porém Goscinny e Uderzo salvaram sua criação, retirando os direitos concedidos a Kauka. Nove anos após a primeira edição francesa, era lançada uma tradução adequada na Alemanha: Asterix der Gallier. Os alemães, que até então não eram grandes apreciadores de HQ, tornaram-se fãs ardorosos.

A força do mais magro


Em 1977, soou a hora mais triste na história de Asterix e Obelix. René Goscinny foi ao médico para exames de coração e circulação sanguínea. Durante o teste de esforço, ele morreu diante dos olhos dos médicos. Uderzo teve que continuar a obra sozinho. No início, em 1959, os dois assumiam ambas as funções, tanto de desenhista como de autor. Mas logo optaram por uma divisão: Goscinny assumiu os textos, e Uderzo passou a se encarregar do traço. Mas depois da morte de seu parceiro, ele voltou a exercer as duas atividades. Desde então, os críticos apontam uma queda de qualidade nas histórias.

Além disso, há as brigas entre o autor e sua filha, que originalmente deveria levar o trabalho adiante. Querelas com as editoras também afetam o rendimento de Albert Uderzo. As últimas duas edições acumulam poeira nas prateleiras das livrarias. Ainda assim, mesmo 50 anos depois, a popularidade de Asterix e Obelix é indiscutível. O cientista políticoAlfred Grosser disse certa vez: "Na França impera uma hostilidade contra o esporte profundamente arraigada. Sabido é quem é magrinho, burro quem é forte". O par de anti-heróis confirma essa observação: o que o brutamontes Obelix não consegue, o nanico Asterix alcança pelos meios da esperteza. O segredo do sucesso não é o mainstream – é ser diferente.