sábado, 29 de maio de 2010

Confraria dos boêmios

Tem neguinho que diz que é o “ tampa” na arte de beber, porque ainda não conhece o Fernandão, eterno presidente da confraria dos boêmios vespertinos, chamada APA - Associação da Passarela do Álcool. Bom. A sugestão de criar essa entidade deve-se a outro confrade de copo chamado Ricardão, cujo objetivo é estimular e promover a comunhão entre os seus membros que curtem e aprecia a boa bebida, uma boa música, um bom papo.
Páreo duro, o Fernandão. Pessoa bem afeiçoada, com característica que lembra o grande ator e diretor do cinema brasileiro Anselmo Duarte. Gosta de se envolver em pesadas carraspanas, apesar das recomendações médicas que ele deveria passar o resto da vida afastado do álcool. Não faz por menos, uma vez que agora só possui um rim.
Seu parceiro e secretário da associação, Pedro 51, também jardineiro que nos dá assistência ao nosso condomínio, rola entre si uma eletricidade e um magnetismo etílico comovente. Tem uma particularidade: embarca o copo de uma vez, tragando o líquido em dois goles. Sob estrepitosa gargalhada, confessa: “Não sei o que será de nós sem um traguinho. Pra falar a verdade, dês que me entendo de gente que eu bebo”.
Na véspera de Natal, estávamos todos reunidos, quando dei fé vinha chegando o nosso presidente arrastando os pés, no seu esforço plástico, elástico, acrobático... para nos dizer que estava apto a permanecer no cargo, pelo fato de que jamais se afastou de suas obrigações “estatutárias” da organização. Para justificar a sua aptidão, engoliu de uma só vez a dolorosa do Conhaque Domecq.
Com sutileza de elefantes, o filiado dotô Fofinho olhou em torno, visível ar de contrariedade estampada na face, e por ser médico, deu o conselho: “Meu caro, reconheço que a cachaça tem mais força do que Deus, porque Deus dá juízo e ela tira, porém você não está em boas condições de saúde, razão pela qual te peço para que passe o bastão da presidência ao comandante Ruarez”. Com todas as suas pusilanimidades, medindo cada palavra, retruca: “Peraí. Pelo amor do Lá de Cima, não me peça isso!”.
Outro dia, num encontro com o companheiro Imperador, ícone glamourizado do fino Scott, foi um afrouxamento risadal (perdão pelo estranho neologismo) quando me perguntou como ia o nosso estonteante presidente. De pronto, respondi: “Zerando a sede com uma braminha”.
Permitam-me uma digressão: segundo o filósofo Ruarez “beber é arte, comer é vício”. Exímio gozador. Um verdadeiro craque em matéria de fazer rir; foi através dessa linguagem leve e descontraída que ele vociferou: “Vinte e quatro horas num dia, 24 cervejas numa caixa. Coincidência?”.
O Patrulheiro é a novidade - o tempero, o equilíbrio, a prudência - que faltava ao grupo, quando anuncia: “Beba com moderação. Melhor beber todo dia, do que beber o dia todo”.


LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Adm.Empresas

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Homem na Lua - Teoria da Conspiração!!!

A chegada à Lua por parte da humanidade é um dos seus maiores feitos e fica como o facto mais importante do último século.
Mas passados mais de 30 anos do primeiro passo de Niel Armstrong na Lua, os mais cépticos continuam a questionar a veracidade deste acontecimento.
Cadeias televisivas, como a americana FOX, ou a francesa TV5, produziram diversos documentários sobre este tema. A TV5 foi mais longe e afirma que a administração Nixon desenvolveu um programa “secreto” no sentido de fabricar a chegada do homem à Lua, filmagens dirigidas por Stanley Kubrick, realizador das maiores obras do cinema “2001 – Odisseia no Espaço”. Para tal contava com depoimentos de Henry Kissinger, um nome importante da administração da NASA na década de 60, que segundo o mesmo, se opôs a esta decisão.

Os apoiantes desta teoria de conspiração apoiam-se em diversos factos. Um deles é a inexistência de estrelas no fundo das imagens que foram capturadas pelos astronautas. Para eles, na noite lunar o céu deverá ser, e é, muito estrelado e essas fotografias deveriam captar as estrelas desse mesmo céu. Mas é difícil capturar algo muito brilhante e algo muito ténue na mesma película. Quer os fatos dos astronautas quer o brilhante solo lunar ofuscaram completamente o céu estrelado, ficando apenas registado o astronauta, a superfície lunar e um céu muito escuro.
Porventura, a maior prova da ida do homem à Lua é a quantidade de rochas lunares trazidas pelos astronautas, 380 quilogramas destas rochas.
Para o Dr. David McKay, director do departamento de ciências planetárias da NASA, as amostras lunares quase que não tem água na sua estrutura cristalina, água que é muito comum nas rochas terrestres”. Mas as evidências geológicas não ficam por aqui, as rochas trazidas pelos astronautas das missões Apollo apresentam muitas pequenas crateras devido ao impacto de meteorito, o que só poderá acontecer em locais com pouca ou nenhuma atmosfera, como na Lua”.
As amostras lunares foram distribuídas por diversos centros de investigação em todo o mundo, incluindo Portugal, e foram muitas as publicações científicas que analisaram em detalhe os diversos aspectos geológicos e químicos destas rochas e nenhum questiona a veracidade das mesmas.


Será mesmo... olhem para o debate que acabou por nascer a volta do tema:

Não percebo como há pessoas que duvidam deste feito, em face de todas as evidências -desde rochas, passando pela parte de baixo dos módulos lunares que lá foram deixados, e acabando nos reflectores que foram lá colocados pelos astronautas e que permitem diariamente saber com precisão a distância a que a Lua está, entre muitas outras provas.



Harrison Schmitt recolhe pedras lunares: missão Apolo XVII
É curioso que quem duvida, por ignorância ou assumindo ignorância da parte dos seus leitores/ouvintes, assume que só esteve lá uma missão - foram 6 missões, com 12 homens ao todo!

É também curioso que quem duvida tenha como principal argumento a falta de estrelas nas fotos. É um disparate de argumento - mas é só um entre muitos, e até há piores! Qualquer pessoa com uma máquina fotográfica pode ir até lá fora e tirar uma foto ao céu estrelado e depois digam-me quantas estrelas aparecem.
Quanto ao não se ir agora lá – outro argumento sem sentido -, não é necessário inventarem-se teorias da conspiração. Sabe-se perfeitamente a razão para não se ir lá.

Como se costuma dizer: "já se tem a t'shirt, para quê voltar?" Foi-se lá por motivos políticos, esses motivos políticos desapareceram, tendo sido os motivos científicos a concentrarem-se na área à volta da Terra, mais precisamente nas experiências científicas na Estação Espacial Internacional. Para ir à Estação Espacial Internacional não é preciso um "embalo" tão grande - daí que os lançadores tipo Saturn V deixaram de ser necessários. Preferiu-se fazer os vaivéns espaciais - mas estes não têm poder para ir à Lua.

Ou seja, deixou-se de ir à Lua por motivos concretos, científicos, que fez com que deixasse de ser necessária a tecnologia mais "potente". Mas ela existe! Só não é precisa! Quando fôr precisa de novo, será novamente feita, melhor e mais moderna. Esperem pelos Chineses e pelo programa americano Constellation.



Apolo XV: giuando na Lua
Também acho interessante provavelmente terem um forno microondas na cozinha e mesmo assim duvidarem que o Homem foi à Lua. Com que objectivo pensam que o microondas foi desenvolvido? Sem a NASA e o programa lunar, essa era uma das tecnologias que não teriam em casa – entre outras!

O que considero completamente irracional é haver tantas provas de que fomos à Lua, é não haver um cientista que pense o contrário, e no entanto ainda haver gente que pensa que não fomos, só porque sim e apresentando argumentos ridículos.

Será que pensam que a ciência mente? Se é assim, então deixem de entrar na net (feita com base na ciência), não andem de carro (que trabalha devido a processos científicos), etc.

Ou será que pensam que os cientistas são mentirosos? Se é assim deviam deixar de ir a médicos (que são cientistas por natureza), e deviam ligar-se a grupos que dizem que a Terra não é redonda – estes também acreditam que todas as imagens tiradas por astronautas fora da Terra são falsas, não têm inteligência suficiente para perceberem que estão constantemente a utilizar tecnologia por satélite, e simplesmente não conseguem abrir os olhos durante um eclipse (quando se vê a sombra da Terra e ela é redonda).



Charles M. Duke Jr recolhendo amostras durante a missão Apolo XVI
Aristóteles provou que a Terra é redonda há mais de 2300 anos, e no entanto ainda há quem, no século XXI, não acredite e pense que ela é plana; quando, como eu disse atrás, basta abrir os olhos. Esta falta de pensamento racional estende-se a outras áreas – como por exemplo, a quem não acredita que o Homem foi à Lua.

Para concluir: todos os pensam que o Homem não foi à Lua, assumem obviamente que todos os cientistas estão a mentir. Ao fazê-lo, devem então pôr a hipocrisia de lado e deixar de ir aos cientistas ou de confiarem na ciência quando precisam (por exemplo, na net, na doença, etc); mas aconselho-vos a irem ainda mais longe! Como diz Richard Dawkins: convido todos esses que duvidam da ciência e dos conhecimentos dos cientistas para subirem ao topo de um edifício de 20 andares e atirarem-se cá para baixo.

Das duas uma: ou os cientistas são mentirosos e subsequentemente a gravidade não existe e a pessoa poderá voar sem problemas; ou então será menos uma pessoa no mundo com ideias disparatadas. Qualquer que seja a resposta, o mundo fica a ganhar!


Veja muito mais acercavda polemica em:
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=31925&op=all#cont

terça-feira, 25 de maio de 2010

Movimento 'uma playmate em cada turma'

Se eu mandasse todas as professoras posariam nuas na Playboy. Primeiro, por uma questão de disciplina. Nenhum aluno arrisca a expulsão da sala onde lecciona a Miss Fevereiro.

Na qualidade de antigo aluno, a notícia da professora de Mirandela que posou nua na Playboy deixa-me indignado: no meu tempo não havia professoras destas. Na qualidade de cidadão que já foi capa da Playboy, o facto de a professora ter sido suspensa faz com que esteja solidário: nós, as coelhinhas, devemos unir-nos. Devo dizer, aliás, sem querer ser corporativista, que, se eu mandasse, todas as professoras posariam nuas na Playboy. O Ministério da Educação continua entretido com programas e avaliações e ignora aquilo de que o nosso sistema educativo precisa: professoras nuas. Primeiro, por uma questão de disciplina. Nenhum aluno arrisca a expulsão da sala onde lecciona a Miss Fevereiro.
Segundo, por razões de concentração no estudo. Qualquer jovem aluno já deu por si a imaginar a professora sem roupa. Eu não fujo à regra, e aproveito a oportunidade para pedir desculpa à Irmã Genoveva. Mas os alunos de professoras que posam na Playboy não perdem tempo com distracções dessas: não precisam. Se querem ver a professora despida, abrem a revista na página 49. Na sala de aula, concentram-se na compreensão da matéria.
Terceiro, para conseguir o desejado envolvimento da comunidade no processo educativo. Os encarregados de educação mais desinteressados passam a frequentar todas as reuniões de fim de período: os pais desejam ver a professora; as mães desejam verificar se os pais não se entusiasmam demasiado com o visionamento da professora. Padrinhos que não vêem o afilhado desde a pia baptismal virão de longe para se inteirarem do aproveitamento escolar do miúdo.
Infelizmente, a vereadora da Educação da Câmara de Mirandela pensa de outro modo. A exibição pública voluntária do corpo nu está interdita às docentes. Não se sabe a que outras profissões se alarga esta inibição. Canalizadoras podem posar sem roupa sem desprestigiar o nobre ofício de vedar uma torneira? Empregadas de escritório podem deixar-se fotografar nuas sem melindrar os carimbos? Ninguém sabe ao certo, mas parece urgente definir com rigor que outras profissionais estão deontologicamente impedidas de fazerem com o seu corpo o que quiserem.
Mais do que a suspensão, deve colocar-se em causa a recolocação da professora. O receio de alarme social levou a Câmara a retirar a docente do contacto com os alunos e a enviá-la para o arquivo municipal. Ora, o contacto com bibliotecários de óculos grossos que não vêem uma pessoa do sexo feminino nua desde 1977 não será mais perigoso e socialmente alarmante do que o convívio com jovens? Fica a pergunta, para reflexão das autoridades fiscalizadoras da nudez.

Portugal é assim...

· Estádios de futebol, hoje às moscas,
· TGV,
· novo aeroporto,
· nova ponte,
· auto-estradas onde bastavam estradas com bom piso,
· etc. etc.


A quem na verdade serve tudo isto?


PORTUGUESES, LEIAM AS LINHAS SEGUINTES E PENSEM


A QUEM VAI SERVIR O TGV ...


1. AOS FABRICANTES DE MATERIAL FERROVIÁRIO,
2. ÀS CONSTRUTORAS DE OBRAS PÚBLICAS E .. CLARO,
3. AOS BANCOS QUE VAO FINANCIAR A OBRA ...



OS PORTUGUESES FICARAO - UMA VEZ MAIS

- ENDIVIDADOS DURANTE DÉCADAS

POR CAUSA DE MAIS UMA OBRA MEGALÓMANA ! ! !




Experimente ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio.

Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos 'Alfa' por nao ser tao luxuoso e ter menos serviços de apoio aos passageiros.

A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.

Nao fora conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemáticos pelos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.

Se nao os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criaçao de riqueza.


A resposta está na excelência das suas escolas,

· na qualidade do seu Ensino Superior,
· nos seus museus e escolas de arte,
· nas creches e jardins-de-infância em cada esquina,
· nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.




Percebe-se bem porque nao

· construíram estádios de futebol desnecessários,
· constroem aeroportos em cima de pântanos,
· nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.

O TGV é um transporte adequado a países de dimensao continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.

É por isso que, para além da já referida pressao de certos grupos que fornecem essas tecnologias, só existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensoes a países vizinhos).



É por razões de sensatez que nao o encontramos


· na Noruega,
· na Suécia,
· na Holanda
· e em muitos outros países ricos.

Tirar 20 ou 30 minutos ao 'Alfa' Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhoesde euros nao trará qualquer benefício à economia do País.

Para além de que, dado ser um projecto praticamente nao financiado pela Uniao Europeia,ser um presente envenenado para várias geraçoes de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vao ter de pagar.



Com 7,5 mil milhoes de euros podem construir-se:


- 1000 (mil) Escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituamas mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes (a 2,5 milhoes de euros cada uma);
- mais 1.000 (mil) creches (a 1 milhao de euros cada uma);
- mais 1.000 (mil) centros de dia para os nossos idosos (a 1milhao de euros cada um).

E ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhoes de euros para aplicar em muitas outras carências como, por exemplo, na urgente reabilitaçao de toda a degradada rede viária secundária.

Cabe ao Governo reflectir.

Cabe à Oposiçao contrapor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Doença mortal para anuros

Agência FAPESP – A dinâmica de uma doença mortal que tem dizimado populações de anfíbios por todo o mundo foi descrita em uma nova pesquisa, que foi publicada no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
A pesquisa destaca que é a intensidade da infecção – isto é, a gravidade da doença entre indivíduos –, e não apenas a sua presença ou ausência, o que determina se populações de anuros sobreviverão ou sucumbirão à quitridiomicose, doença causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis.
Os pesquisadores conseguiram identificar um ponto perigoso na intensidade da infecção, além do qual a doença causa mortalidade e extinção em massa. Segundo eles, episódios seguidos de infecção fazem com que a doença atinja esse limite.
“Verificamos que a mortalidade em massa apenas ocorre quando a severidade da infecção atinge um limite crítico entre os indivíduos. Agora que sabemos qual é esse limite, que se trata de um número específico de esporos fúngicos por anuro, os trabalhos de conservação poderão ser capazes de salvar espécies suscetíveis ao prevenir que a doença atinja tal ponto”, disse Vance Vredenburg, professor da Universidade Estadual em São Francisco, nos Estados Unidos, um dos autores da pesquisa.
Inicialmente, Vredenburg e colegas rastrearam a invasão e a distribuição da quitridiomicose em rãs na Sierra Nevada, na Califórnia, durante um período de 13 anos, com foco especificamente em duas espécies de rãs, Rana muscosa e Rana sierrae.
O grupo verificou que a doença é particularmente destrutiva quando invade uma população que até então não estava exposta, de modo semelhante à epidemia de varíola que matou milhões de pessoas nos séculos 17 e 18.
“Quando a quitridiomicose atinge populações de hospedeiros pela primeira vez, ela se espalha tão rapidamente que os processos naturais costumeiros que fazem com que um patógeno não cause extinção não têm chance de entrar em ação”, disse Vredenburg.
“Estamos vivendo em uma época em que o movimento global de pessoas e de mercadorias está provavelmente espalhando essa doença para áreas em que ela não existia, interrompendo o equilíbrio natural entre o patógeno e seu hospedeiro”, apontou.
A quitridiomicose já promoveu o desaparecimento de mais de 200 espécies de anuros (sapos, rãs ou pererecas) e representa uma grande ameaça à biodiversidade dos vertebrados, destacam os autores.
O artigo Dynamics of an emerging disease drive large-scale amphibian population extinctions (doi/10.1073/pnas.0914111107), de Vance T. Vredenburg, e outros, poderá ser lido na Pnas em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0914111107.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O grande encontro

Belisque-me para ver se não estou sonhando! Foi assim que me senti quando escutei o CD presenteado por um amigo lusitano, no qual registrava o encontro de Vinicius de Morais e Amália Rodrigues, ocorrido em 19 de dezembro de 1978, na casa (em Lisboa) dessa magistral cantora portuguesa.
Numa “concertación” impecável, sufocada pela efervescência intelectual e musical, foi a marca desse grande encontro, que mostra aquele Vinicius detentor de uma inteligência privilegiada, de uma verve inesgotável, personalidade de “bom vivant” e de altíssimo astral; e a encantadora Amália, de voz cristalina, pessoalidade marcante, onde eleva o Fado (que a tornou famosa) à mais alta categoria artística.
Chuvas de palmas! Trovoadas de palmas! Quando o nosso poeta - acompanhado por excelentes instrumentistas da constelação da música popular portuguesa que já lhe aguardavam festivamente - começou a cantar “Para quê chorar”, em seguida declamou o poema “Monólogo de Orfeu” e depois “O dia da criação”. Naquela interativa conversa amorosa e fraterna, a pedido do próprio Vinicius, brilhantemente Amália conta “Gaivota” e outras canções memoráveis.
Como Vinicius sentenciou: “Viver é arte do encontro”. Dádiva dos deuses! Dádiva dos céus! É exagero? Não, quando se trata de dois monstros consagrados do mundo da música e da poesia. Com graça, com arte, com humor desconcertante eles foram cantando e recitando em voz alta, cada um ao seu estilo. Momentos de saudades: parafraseando Calderón de La Barca, a dizer que “a vida não só sonhos, são saudades também”.
Nesse bate-papo descontraído, o poetinha ria e fazia rir das dificuldades cotidianas dos portugueses, notadamente no que se refere ao formalizo, e pede para que “desengravatem!”. Ao mesmo tempo, enaltece-os: “... povo com tremendo anseio de viver, de aparecer, de reaparecer na história. Um povo que deu um poeta como Luís Camões, que todo cancioneiro português antigo o conhece tão bem e do qual eu me embebi, que sofri uma grande influência”.
Detalhe: fez-me comover quando ele disse que era um homem meio sem pátria e que sua pátria era a humanidade, completa, despedindo-se dessa trupe musical: “Vivam! Amem, amem-se! Rompam as tradições! Rompam os preconceitos! E aí eu tenho a impressão que cada um vai se tornar mais feliz”.
Esse jeito de gente boa e de filósofo malandro, com esteio na boemia criativa dos anos 60, fez com que a carreira diplomática fosse incompatível. Porém, em compensação, sua obra deixou marca nas cabeças de sua geração e das gerações vindouras. Virando símbolo, o máximo de excelência
A lição que extraio desse encontro (leia-se confluência cultural) é que nessa vida somos todos parecidos e ninguém vale mais, nem menos, um tostão. Não precisa melhorar, mudar ou tentar ser perfeito. Pelo contrário, apenas se aceite.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

domingo, 16 de maio de 2010

Minha Ferrari

Estimados Amigos, do proprio autor recebi esta perola, que não posso deixar de divulgar.

Esclareço, de antemão, que não sou dono desse brinquedo chamado Ferrari, tampouco de algum outro próximo do glamour que representa essa indomável e bela máquina, a exemplo de marcas como mercedes, porsches, buggatis, lamborghinis e por aí vai.
Bonito, mas e daí? Sou mais o meu buggy da Fibravan, carinhosamente denominado de “minha ferrari”, discreto, não obstante sua cor avermelhada tradicional, inteiramente aprumado, uma jóia de raro brilho, que aguenta tudo, chega em alguns lugares que dificilmente tais luxuosos veículos conseguem, e com a vantagem de não correr risco de ser assaltado, seqüestrado ou coisa parecida.
Não há como tergiversar: ele consegue ser nostálgico, atual e ainda mantém um olho no futuro. E o som, nem se fala, tem àquela pegada romântica, estilo MPB, que fica na cabeça de quem ouve. Se não há hits de fácil deglutição, sobra ousadia na escolha do repertório.
Sou avesso aos que não conseguem ver o sucesso alheio sem sofrer as dores terríveis da inveja, do ciúme doentio, do despeito e da própria derrota. Por isso, feliz quem pode comprar a deslumbrante Ferrari 458 de 570 cavalos (no Brasil, com impostos, deve superar R$ 1,5 milhões), pena que ela deve ficar mais tempo dentro da garagem do que rodando, não só pela questão de segurança, como também pelo estado de nossas rodovias/ruas; uma vez que no primeiro buraco (cratera) não passa.
Recordo-me sempre de uma frase que ouvi e adoro: “Cuidado com seus desejos, eles podem se tornar realidade”. “Cacildis!”, como diria o saudoso trapalhão Mussum, não é que realizei este sonho de comprar o meu primeiro buggy, apesar a todos esconder esse segredo. Uma paixão, sim. Um vício que só me trouxe alegria ao tempo em que já possuí mais de cinco modelos diferentes.
Bem. Outro dia precisei fazer um pequeno reparo no seu pára-lama, fui orientado pela oficina para comprar o material numa loja especializada de tintas automotivas, onde o processo é feito de maneira computadorizada. Lá chegando, perguntei ao vendedor:
-Meu filho, você tem tinta vermelha para “minha ferrari”?
Sem titubear, respondeu-me:
-Claro, que sim! Agora, vai demorar um pouco senhor. Porque a cor é Fer-ra-ri!
-Tá bom, tá bom..., assim me manifestei.
Depois de um bom tempo com aqueles testes mirabolantes de fórmulas, o vendedor aprontou a tão propalada tinta, com ar de preocupação, e crente que eu fosse um afortunado da grana, veio o conselho para que procurasse um profissional qualificado para executar o serviço, pelo fato que se tratava de algo caro e idolatrado: “Ferrari!”.
Quando falei que o produto que acabara de comprar não era para uma Ferrari, e sim, para o meu estimado buggy, ele ficou surpreso e ao mesmo tempo satirizado. É pouco? Não acho. Então, meu amigo, mergulhe-se na vida, lambuze-se no amor e voe em seus sonhos de consumo para que um dia você possa ter uma “Ferrari” igual a minha.


LINCOLN CARTAXO DE LIRA

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta Aberta ao Senhor Manuel Alegre de Melo Duarte, Candidato a Presidente da Republica de Portugal, e dos Algarves, que não alarves

Exmo Senhor
Manuel Alegre de Melo Duarte

Mais do que conhecida criatura portuguesa, designadamente por meio das designações como Manuel Alegre, Poeta, Radialista, Advogado, ex-Deputado, ex-Vice-Presidente da Assembléia da Republica, co-fundador do Partido Socialista, (novamente) Candidato a Presidente da Republica de Portugal, e tantas outras coisas mais, que não vem agora a importar muito para a lide em questão.

Apresentando desde já os meus respeitosos préstimos, que não cumprimentos a Vossa Senhoria, começo por desde já lhe dizer, meu Caro Senhor que jamais posso ser incluído no rol daqueles portugueses que descaradamente em jeito de arruaça propagandística eleitoreira desafia e apelida de ‘cobardes’ por se esconderem detrás do anonimato, porquanto eu sou um cidadão nascido em Lisboa no dia 17 de Janeiro de 1962, que tem documento de cidadania portuguesa com o numero de bilhete de identidade 6266610, emitido pelo arquivo de identificação de Lisboa, e fui registrado com o mesmo nome que até hoje ostento, e não o mudei nem mudei de sexo, aproveitando alguma das leis que Vossa Senhoria fez o grande favor de empenhadamente trabalhar na Assembléia da Republica, nas suas horas vagas em que por lá se passei, pago pelo dinheiro de todos nós que pagamos impostos, ou seja; quem lhe está a escrever esta missiva é nada mais nada menos que José João Massapina Antunes da Silva, um cidadão livre, como qualquer outro cidadão português, e com os seus deveres fiscais em dia.

Portanto; muito mal vai Vossa Senhoria no inicio da caminhada de uma candidatura presidencial, em que se apresenta mascarado de candidato supra partidário, embora o ar se sinta empestado com a sua conotação política, quando começa desde logo por atacar os portugueses que não confiam em si, e jamais gastariam um euro para o ajudar sequer a chegar a casa de transporte publico se lhe tivessem fanado a carteira nalguma reunião, ou esquina de boteco, ou nalgum descuido na pesca do robalo lá para as bandas do centro de Portugal, ou numa caçada aos ‘gambuzinos’ no Alentejo.

Cada um faz como melhor entende, mas ao caminhar esta estrada, não lhe vislumbro grandes êxitos no curto prazo da sua vida política, no entanto Vossa Senhoria melhor decidira, sem que no entanto não deixe de lhe deixar uma opinião, pela qual não paga nada, e que no meu modesto entendimento deveria começar por respeitar todos os portugueses por igual, tanto aqueles que em si confiam, como aqueles que de si só reservam muito más lembranças de um passado que deveria ser para esquecer, só que muitos daqueles que viveram esse passado jamais se vão libertar desses fatos tristes das suas vidas.

Fatos em que Vossa Senhoria, tem participação efetiva, e pelos piores motivos, que depois passarei a enumerar, e tal como já lhe referi, o vou fazer sem qualquer temor, pois ‘cobardolas’ deve ser Vossa Senhoria, que ataca sem ver a quem ataca, como se fora cego a disparar a esmo o seu desespero e angustia de ter atrás de si um passado que não pode renegar, e muito menos mudar, pois ele está indelevelmente escrito, vivido e guardado para toda a posteridade, quanto mais não seja nas memórias de muitos que infelizmente consigo conviveram.

Pauto a minha vida por olhar de frente para os homens, e nunca os medi aos palmos, por isso para mim, tanto valor tem um homem de 1,95 m, ou outro de 1,52, me dá igual a sua cor de pele, ou se os cabelos são loiros ou pretos ou se é careca, ou barbudo. Agora o que também faz parte da minha forma de ser, estar e viver, é: nunca, jamais deixar de responder a um desafio ou a uma ameaça, e desde já lhe posso dizer que NÃO TENHO MEDO DE NINGUÉM, E MUITO MENOS MEDO DE SI E DAS SUAS AMEAÇAS, pois um homem é um homem, e um bicho é um bicho, e estamos cá é para isto, para viver, e não para nos acobardar perante qualquer ‘pilantra’ que nos surja no caminho armado em pavão cheio de penas, mas com o rabo preso a um passado que tenta vir agora justificar...

E posto que me excedi, nesta minha explanação inicial, para que Vossa Senhoria não possa ter a mais insignificante duvida, que não o vou respeitar enquanto homem, porque entendo que Vossa Senhoria não merece qualquer respeito enquanto tal, e muito menos vou acatar a sua ameaça de que quem falar de si terá que se entender consigo, pois também desde já lhe digo que vou falar de si muito mais do que Vossa Senhoria desejaria, e que eu mesmo pensaria ter paciência de falar, atendendo a sua mais do que manifesta insignificância terrena.

Vamos lá então finalmente a ver, se o pessoal se entende cá com Vossa Senhoria, em todos os capítulos, para que fiquemos de uma vez por todas devidamente entendidos, pois se existe coisa que detesto na vida é mal entendidos. E quanto a heróis, como muito em sabe; os cemitérios estão pejados deles, e não o estou a ver como valendo grande coisa sequer para alimento das minhocas...

Eu, José João Massapina Antunes da Silva sou um dos que o tem atacado nos mais variados locais possíveis e imaginários, assinando sempre com o meu nome próprio, porque não utilizo em local algum pseudônimo para me esconder, porque nunca o fiz, nunca o faço e nunca o farei, uma vez que sempre assumi tudo aquilo que digo e escrevo, com total frontalidade.

Obviamente que o tenho atacado verbalmente mas de modo leal e o mais frontal possível porque considero que Vossa Senhoria não é digno de ser algum dia o mais Alto Magistrado da Nação chamada de Portugal, e muito mal andariam os portugueses se assim o designassem, e mais lhe digo que penso pela minha cabeça, não sou influenciado nem por A ou por B, e até me dou ao luxo de ser irmão de um membro da sua Comissão de Honra, ou Comissão de Candidatura, ou lá ou o que lhe queira chamar, e não seria por isso, e muito menos seria por causa disso, que lhe deixaria de zurzir uma valentes pauladas verbais, para o colocar no seu devido lugar, que não deveria ser sequer como Deputado da Nação, mas sim como mero cidadão, obrigado a cumprir os seus deveres e direitos como qualquer outro português digno desse nome.

Deve ser realmente por causa da sua falta de dignidade e caráter que Vossa Senhoria tem sido um dos mais privilegiados desta Nação desde a épica Revolução de 1974.

Vossa Senhoria diz, e muito bem, que em Agosto de 1961 foi incorporado no serviço militar obrigatório. E eu lhe pergunto desde já, o por que de tamanha admiração, e justificação da sua parte para esse facto, pois quem seria Vossa Senhoria para se assumir como exceção a regra da época. Todos os jovens da sua geração o tiveram que fazer, e ninguém que eu tenha conhecimento até ao dia de hoje, questiona esse fato inquestionável das suas vidas.

Seguiu a sua vida militar, e daí também ninguém o questionou se foi soldado raso, ou se chegou a cadete, depois Aspirante, Oficial Miliciano e por ai afora, e até quem sabe podia ter chegado a Major ou até mesmo a General que nem o seu amigo, ex-chefe de rede bombista, e depois de limpa a sua ficha pelo seu outro grande amigo Mario Nobre Soares, transformado em Comendador Otelo Saraiva de Carvalho, e a que só já lhe falta ser colocado no dia do juízo final, no Panteão Nacional ao lado da Amália e dos reis, ou até quem sabe nos Jeronimos ao lado de Camões, Pessoa, e Vasco da Gama.

Seguiu viagem para cumprir os seus deveres militares para Angola, como poderia ter seguido para a Guiné-Bissau, Moçambique, ou outra qualquer das colônias onde existia palco de guerra e militares portugueses destacados, ou esperava que o tivesse colocado a guardar lapas na guerra das Berlengas, ou da Ilha do rato em frente ao Lavradio-Barreiro.

Diz que o seu pelotão recebeu missões para realizar escoltas e tudo o mais o que seria normal num palco de guerra, porque obviamente Vossa Senhoria não estaria a espera de se deslocar para a Guerra Colonial para ir banhar-se nas águas quentes da costa, ou comer camarão de papo para o ar nas avenidas de Luanda ou mascar tabaco no Nambuangongo.

Refere que estive debaixo de fogo algumas vezes, (felizmente nunca se queimou, estorricou, ou lhe colocaram nada dentro dos bolsos para o fazer andar aos pulinhos no meio da picada) pois tudo isso foi muito bom para que dessa forma Vossa Senhoria pudesse tomar consciência das condições em que tantos jovens da sua geração foram colocados, por si próprio, quando mais tarde, segundo as palavras de muitos deles, que estão dispostos a testemunhar, era Vossa Senhoria que via radio como que dava as coordenadas de onde os “turras” poderiam encontrar os destacamentos, colunas e aquartelamentos, bem como as rotas das escoltas.

Vossa Senhoria; não sei, não posso afirmar, nem o estou a fazer de modo algum, mas enquanto investido de militar, ainda por cima não um mero soldado raso, poderia ter acontecido dar esses mesmos dados, agora o que a história não consegue apagar é que isso aconteceu por via direta ou indireta quando já não estava a cumprir o serviço militar, e desde Argel, com a conivência direta de adversários de Portugal e dos Portugueses.

Obviamente que Vossa Senhoria pode optar por uma autentica “peixeirada”, como aliás é seu timbre, em local próprio, com o digo eu, diz você, dizem eles, eles os seus Companheiros, e olhe que tem dezenas, centenas deles com muita vontade de o desmascarar na praça publica, e para isso basta falar com os muitos que nas diversas Associações de antigos militares, e de estropiados, lhe tem uma amizade tão grande que se você algum dia se descuidar a passar fora de uma passadeira para peões em zona movimentada, lhe pode acontecer bem pior que o simples braço partido a quando da campanha eleitoral para o 1º mandato do seu amigo Mário Nobre Soares.

Está a ver como eu tenho uma memória de elefante, e como você conhece tanta gente que até já se esqueceu de um jovem e imberbe jornalista, de gravador em punho, em plena FIL, a poder ver e conhecer as imagens de momentos importantes para a história de Portugal. Já agora uma a parte, sem maldade, só por mais profunda amizade a pessoa em questão, ainda mais que até fomos Companheiros de Partido, e chegamos até a juntamente com outros Companheiros da época, lutar contra muitos daqueles que agora o estão a levar ao colinho na tentativa de o colocar como Magestade em Belém. Será que a sua amiga arquiteta esta boa, não a tenho visto, tirando o empenhamento com que defende os contentores para a zona ribeirinha, mas nessa altura ela já andava muito ao pé de si, pois se a vir, lhe transmita os meus mais afetuosos cumprimentos, vindos de um ex-dirigente da JSD e do PSD do Barreiro.

Mas voltemos ao importante desta missiva, deixando as familiaridades para outras oportunidades. Assim; a quando Vossa Senhoria foi parar ao aquartelamento de Quixico, perto da fronteira com o Congo, e acabou por dar tanto nas vistas da PIDE-DGS, que a coisa esquentou de tal forma que até lhe arranjaram, ou foi você mesmo quem arranjou uma oportuna doença para o tirarem de lá. Quero eu dizer, no meu entendimento, para que você obviamente se pudesse pirar de lá...

Com aquilo que lhe acabei de dizer, não lhe estou de forma alguma a chamar ‘cobarde’ antes pelo contrário, pois seguindo a velha máxima portuguesa, e que outros povos também usam; quem tem cu tem medo...

Pena que na época não existiam atestados médicos para justificar, e hoje você até pode dizer que estava com paludismo ou outro qualquer mal tropical, sei lá até mesmo uma mordidela de macaco... mas o que deve ter sido mesmo, e existe ainda vivo na mente de quem se recorda, foi uma doença chamada de investigação da PIDE-DGS que o vitimou, e o jogou para a enfermidade.

Foi mesmo a PIDE-DGS e não o paludismo que o atacou, confesse lá só cá para nós, que ninguém nos esta a escutar...

Pois foi... em 1963 você foi passar férias pagas, por amável convite da PIDE-DGS, e ainda bem que você nem esqueceu o dia, e até acho que nesse dia todos os anos você deve comemorar, pois passou a categoria de mártir político, posto tão ambicionado pelos camaradas da época, que chegavam a andar quase a porrada para serem detidos e considerados da pesada na oposição.

Engraçado como você só passa uma noite preso, e de imediato é passado a disponibilidade. Para logo depois a PIDE-DGS o alojar graciosamente nas suas instalações por mais 6 meses, e olhe que isso você nunca esclareceu lá muito bem, nem sequer em poesia.

Esta sua epopéia de mártir político até faz lembrar as prisões e os exílios do seu grande amigo Mario Soares, em que o colocavam numa estância voltada para os coqueirais e para o mar, a passar férias, e lhe possibilitavam salvos condutos para rumar a Paris. Você optou por Argel, pois lá tinha uma radio, onde poderia continuar o trabalho iniciado em Angola.

Conte lá, cá para a gente que ninguém nos esta a escutar, foi isso não foi... só que você não pode contar tudo. Como eu o entendo Vossa Senhoria, que ao contar uma história tantas vezes repetida, muitos acabaram por acreditar nela, e o consideram quase um igual ao General herói francês em plena Casablanca

Você sabe muito bem que atentou contra Portugal nos idos anos de 1960, e contra aquilo que era a lei no momento, e que por tanto, ao estar a fazer isso colocou as vidas dos seus Camaradas em sérios riscos de vida. Não se pode agora vir fazer de santo, não pode vir escudar-se em maniqueísmos revolucionários para justificar o injustificável, ou vir dizer na praça publica batendo no peito umas trezentas e setenta vezes que nada fez, que não contribuiu para que muitos militares tivessem tido um destino bem diferente daquele que lhes poderia estar reservado.

Sabe Vossa Senhoria, o que eu realmente gostava era que se juntassem esses ex-jovens, e no local próprio fizessem um frente a frente consigo, para que de uma vez por todas Vossa Senhora não se queira fazer passar por aquilo que realmente não é.

Quanto ao resto...

Pois estaremos cá para que a história algum dia o possa julgar a si, e a mais uns quantos que se fazem passar por verdadeiros santinhos democráticos, quando não passam de hereges.

Fazer de democrata, aproveitando as circunstancias políticas, e as oportunidades é mesmo a imagem de marca de uma certa casta de políticos que foram paridos, para não dizer mesmo abortados, em 1974, e que tem conduzido tão bem Portugal para o abismo onde hoje se encontra.

Fico então a aguardar da parte de Vossa Senhoria que faça o que entender, pois pela minha parte não retiro uma virgula em tudo o que lhe escrevi, e em tudo o mais que lhe irei continuar a chamar, e a dizer de si.

Lhe desejo uma campanha eleitoral a medida dos seus desígnios, e da vontade que tenho de que ganhe estas eleições, ou seja nenhuma vontade, de querer, ou sequer gosto em o saber a candidatar-se perante os portugueses debaixo de uma mascara da maior das hipocrisias possíveis e imaginárias.

Faltou ainda dizer-lhe que vou publicar esta minha carta aberta, na grande maioria dos meus espaços na net, para que assim tenha as mais variadas oportunidades de a ler, e ao mesmo tempo de testar que me estou borrifando pura e simplesmente para as suas ameaças, e cá o estou a esperar para falarmos olhos nos olhos no local próprio se assim Vossa Senhoria na sua garbosa valentia de caçador, poeta e pescador o entender.

Atentamente, um cidadão português a quem comprovadamente Vossa Senhoria jamais pode chamar de cobarde, e que fica ao seu dispor para outros esclarecimentos que por bem entenda,

José João Massapina Antunes da Silva

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"laicidade do Estado".

Não existe neutralidade e quem pensa o contrário ou está a enganar-se a si mesmo ou está a tentar enganar. O Estado ou é contra ou é a favor. Nunca vai ser "neutro".
O ateu Ludwig afirma ainda que "o Estado deve guiar-se por dados concretos e não por crendices, rejeitando aquilo para o qual não há evidências" e que "gastar dinheiro dos serviços públicos contratando padres para hospitais e escolas, é ainda pior porque implica um erro objectivo e não apenas uma questão de gosto".
Nos próximos dias muitos vão ter folga, atravancar o trânsito e gastar dinheiro público porque decidiram ter fé no Joseph Ratzinger.
E decidiram isto porque estão convencidos que há um deus.
Fazer o que, se eles acreditam piamente nisso, e não querem pensar em amis nada apesar da crise...
Que o tal Deus em quem eles acreditam, que os ajudem então... pois em precisam!

Sequenciamento de zebus

Agência FAPESP – Um trabalho coordenado pela unidade Gado de Leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pretende fazer o sequenciamento genético do zebu, que abrange raças bovinas que formam a maioria do plantel brasileiro.
O projeto foi anunciado durante a Expozebu, exposição agropecuária em Uberaba (MG) e envolverá também a Universidade Federal de Minas Gerais, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, os Polos de Excelência do Leite e Genética Bovina, o Instituto René Rachou e associações de criadores.
O anúncio foi feito cerca de um ano depois da publicação na revista Science do primeiro sequenciamento genético de um bovino, pertencente à raça hereford e subespécie Bos taurus taurus.
O trabalho pioneiro foi realizado por um consórcio internacional formado por mais de 300 pesquisadores, entre eles membros da Embrapa, do Departamento de Produção e Saúde Animal da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araçatuba (SP), do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e do Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, em Assis (SP).
A hereford é uma raça de origem europeia e é da mesma subespécie das raças holandesa, jersey e pardo suíço. O novo objetivo é levantar o código genético da subespécie Bos taurus indicus, que tem origem indiana e forma as raças zebuínas gir e guzerá.
“Essa segunda subespécie tem grande importância econômica para o Brasil e países de clima tropical. São animais rústicos que se adequam melhor às regiões de temperaturas mais elevadas”, disse Rui Verneque, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Gado de Leite.

Em 2003, a FAPESP e a Central Bela Vista de Genética Bovina deram início ao projeto Genoma Funcional do Boi, que resultou na identificação de genes que podem ser utilizados para desenvolver produtos e tecnologias para aumentar a produção bovina e melhorar a qualidade da carne, a eficiência reprodutiva dos animais e a resistência do rebanho.
Mais informações: www.cnpgl.embrapa.br

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sequenciado o primeiro anfíbio

Agência FAPESP – O primeiro sequenciamento do genoma de um anfíbio é o destaque da edição da revista Science. O grupo internacional de cientistas responsável pelo trabalho publicou o resultado do sequenciamento do genoma de uma rã encontrada na África, a Xenopus tropicalis.
O anuro em questão, segundo os pesquisadores responsáveis pelo sequenciamento, é um importante modelo para o desenvolvimento dos vertebrados. A sequência apresentada contém mais de 20 mil genes codificadores de proteínas, incluindo genes semelhantes de pelo menos 1,7 mil causadores de doenças em humanos.
“Até o momento, foram sequenciados diversos animais com pelos, mas poucos outros vertebrados. Ter um catálogo completo dos genes de Xenopus, ao lado dos genes de humanos, ratos, camundongos e galinhas, nos ajudará a remontar o conjunto dos genes ancestrais dos vertebrados”, disse Richard Harland, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos autores da pesquisa.
“O genoma da Xenopus abre a possibilidade de estudar os efeitos dos disruptores endócrinos nos níveis molecular e genômico”, disse Uffe Hellsten, do Joint Genome Institute em Walnut Creek, primeiro autor do artigo.
Disruptores endócrinos são substâncias químicas – a maior parte derivada da poluição – que imitam os hormônios dos anuros. Sua presença em corpos d’água pode, de acordo com os cientistas, ser parcialmente responsável pelo declínio das populações de sapos, rãs e pererecas em todo o mundo.
“Esperamos que o conhecimento dos efeitos desses disruptores hormonais possa ajudar a preservar a diversidade dos anuros. Como esses produtos químicos também afetam o homem, esse conhecimento poderá ter um efeito positivo na saúde humana”, disse Hellsten.
Xenopus, que significa “pé estranho”, é um gênero de mais de 20 espécies de anuros nativas da África subsaariana. Quando os biólogos descobriram que tais anfíbios eram sensíveis à gonadotrofina coriônica humana (HCG), eles passaram a ser usados em testes de gravidez a partir da década de 1940.
Ao injetar urina de uma mulher em um exemplar de Xenopus, caso ela esteja grávida a rã ovulará e produzirá ovos em menos de 10 horas. Posteriormente, os cientistas verificaram também o importante valor desses pequenos anfíbios – que cabem na palma da mão – no próprio estudo do desenvolvimento embrionário.
Quando o Joint Genome Institute decidiu sequenciar o genoma de um anuro, a comunidade internacional recomendou o X. tropicalis, e não o muito mais conhecido X. larvis, porque o genoma do primeiro tem a metade do tamanho do segundo e seu sequenciamento seria mais rápido e com menor custo.
Um esboço do genoma do X. tropicalis já estava disponível à comunidade científica, mas o novo artigo é a primeira análise do genoma completo.
De acordo com os autores do estudo, a comparação de regiões em torno de genes específicos do anfíbio com o do homem e da galinha mostrou que eles são muito semelhantes, o que indica um alto nível de conservação da organização ou da estrutura dos cromossomos.
“Quando olhamos para alguns segmentos do genoma da Xenopus, estamos literalmente observando estruturas com 360 milhões de anos e que foram partes do genoma do último ancestral comum de todas as aves, anfíbios, dinossauros e mamíferos que passaram pela Terra”, disse Hellsten.
O artigo The Genome of the Western Clawed Frog Xenopus tropicalis (DOI: 10.1126/science.1183670), de Uffe Hellsten e outros, pode ser lido na Science em www.sciencemag.org.