quinta-feira, 29 de abril de 2010

Aranhas.

Num artigo presente na Science News, uma aranha é reportada como sendo vegetariana. Para muitos isto parece ser uma alegação demasiado fantástica, mas é a pura verdade. A pequena aranha saltitante Bagheera kiplingi é a primeira aranha que é conhecida como sendo primariamente vegetariana.1
Alguns pesquisadores sabiam que certas aranhas comiam pólen e esporas que ficavam presas nas suas teias. Algumas até bebem regularmente néctar das plantas, mas a Bagheera kiplingi não parece ter apetite algum por outros animais. Ela vive em acácias na América Central e alimenta-se da árvore e não das formigas que vivem na mesma árvore.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fragmentação questionada

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Um estudo publicado na revista Science, em 2009, indicou que a parte sul da Mata Atlântica (de São Paulo ao Rio Grande Sul) passou por um processo de “recolonização recente”. Espécies de plantas e animais teriam reocupado a área nos últimos 10 mil anos, após extinção associada aos períodos frios e secos do Último Máximo Glaciário, há cerca de 21 mil anos.
Na pesquisa, o grupo de cientistas brasileiros e norte-americanos aplicou um método – com base em registros climáticos e utilizando como modelo de análise três espécies de anfíbios – para estimar as distribuições das espécies no passado e, com isso, localizar possíveis áreas de refúgios.
Uma das conclusões do trabalho aponta a existência de três refúgios históricos na parte norte da Mata Atlântica, localizados no sul da Bahia e em Pernambuco, com outro menor no Estado de São Paulo. A explicação é que, por ter sido mais estável climaticamente, a parte norte do bioma reuniria uma maior diversidade biológica e mereceria, portanto, maior esforço de conservação.
Mas um novo estudo, publicado na revista Molecular Phylogenetics and Evolution, levanta a hipótese de que pode não ter havido uma fragmentação tão intensa da Mata Atlântica como se acreditava ou que, se houve, teriam existido refúgios também na parte sul do bioma.
O motivo é que, ao utilizar um grupo de sapos (Rhinella gr.crucifer) como modelo, os pesquisadores identificaram que a linhagem mais antiga e diferenciada está localizada justamente no extremo sul da Mata Atlântica.
“Os resultados atestam que a Mata Atlântica não se comportou como se pensava e que, se houve mesmo a fragmentação massiva da mata durante as glaciações, houve também refúgios na parte sul. E, de fato, ao pesquisar na literatura encontramos outros trabalhos que descrevem linhagens antigas na parte sul, reforçando essa ideia”, disse Maria Tereza Thomé, pesquisadora do Instituto de Biociências de Rio Claro da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e primeira autora do artigo, à Agência FAPESP.
O trabalho corresponde ao capítulo inicial de sua tese de doutorado orientada pelo professor João Alexandrino, do mesmo instituto, com Bolsa da FAPESP, e está inserido no projeto de pesquisa “Biogeografia, filogeografia e diversificação de anuros endêmicos da Mata Atlântica do Brasil”, conduzido por Alexandrino com apoio da Fundação por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.
De acordo com Maria Tereza, a ideia central foi encontrar pistas sobre o surgimento de espécies na Mata Atlântica utilizando como modelo um grupo de sapos que conta atualmente com cinco espécies.
“O grupo escolhido é comum, mas é também endêmico, ou seja, ocorre por toda a Mata Atlântica e, ao mesmo tempo, só ocorre nesse bioma, dependendo dele para continuar existindo. A intenção era trabalhar com um grupo de animais que fosse comum e com distribuição mais ampla”, explicou Maria Tereza.
Os objetivos do estudo são investigar a variação genética e morfológica desse grupo de anfíbios, verificar se as espécies consideradas atualmente são entidades evolutivas independentes e se existem mais espécies ainda desconhecidas e tentar propor uma hipótese biogeográfica que explique como elas se formaram.
De acordo com Alexandrino, coautor do artigo e agora professor adjunto da Universidade Federal de São Paulo, o objetivo do artigo foi discutir se houve ou não refúgios de Mata Atlântica em períodos mais frios do Quaternário.
“Ainda não sabemos se a persistência de linhagens e espécies diferenciadas no sul da Mata Atlântica resultou da existência de refúgios históricos de mata, da ação de barreiras fluviais associadas a tectonismo ou de uma combinação de ambos”, disse.
Para avaliar a diversidade genética e estudar como a diversidade está distribuída geograficamente, o grupo trabalhou com sequenciamento de fragmentos de DNA mitocondrial (herdados apenas do lado materno) e também do DNA nuclear.
“Com esses métodos é possível averiguar os padrões de parentesco entre as linhagens, e ainda aplicar um relógio molecular baseado na taxa de mutação desses fragmentos para estimar há quanto tempo essas linhagens estão evoluindo independentemente”, explicou Maria Tereza.
Outro método utilizado pelos pesquisadores foi a paleomodelagem ecológica de nicho, em que são usados cenários climáticos que tentam descrever as condições do clima no passado para estimar qual teria sido a distribuição provável desses animais em cada período glacial.
Segundo Alexandrino, a proposta foi primeiro identificar as condições climáticas em que os animais ocorrem atualmente, para, então, gerar um modelo matemático preditivo (que descrevesse as condições de que esses animais necessitam). O modelo poderia ser então alimentado com cenários climáticos passados, produzidos por equipes internacionais de climatologistas.
“Usufruímos desses cenários para tentar encontrar os locais que teriam tido as mesmas condições necessárias para os animais existirem no passado. Ao gerar essas previsões para diferentes pontos no tempo, inferimos as áreas de distribuição dos animais que provavelmente foram mais estáveis ao longo do tempo. Considerando que os animais dependem da Mata Atlântica para existir, postulamos que onde eles estavam existia também a mata”, acrescentou Maria Tereza.
Os resultados indicam que em todas as espécies estudadas até o momento neste projeto houve populações que se mantiveram também na parte sul do bioma, tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina ou no Paraná.
“Isso tem implicações para a própria história da Mata Atlântica, porque todas essas espécies são endêmicas do bioma e necessitam da floresta para existir. Ou seja, põe em discussão se existiram ou não as chamadas áreas de refúgios que, por terem permanecido muito estáveis ao longo do tempo, abrigariam uma riqueza imensa de organismos e, portanto, deveriam ter prioridade de conservação”, reforçou Alexandrino.
Relevância do método
Para Celio Haddad, professor do Instituto de Biociências de Rio Claro da Unesp e coautor dos artigos publicados nas duas revistas, houve uma ineficiência da metodologia para estimar inicialmente as áreas de refúgios, porque foram utilizados como modelo apenas três espécies.
“A grande relevância do trabalho publicado na Science foi a proposta do método que representava um nova fronteira a ser explorada. Nós ampliamos a amostragem no número de espécies e começamos a detectar os refúgios ao sul. O novo estudo não inviabiliza o método proposto anteriormente, longe disso, mas mostra que, à medida em que se amplia a amostragem do número de espécies, achamos mais refúgios”, disse Haddad, que é membro da coordenação do programa Biota-FAPESP.
Segundo ele, no momento em que foram tiradas as conclusões que seriam publicadas na Science, o grupo discutiu a necessidade de se aprofundar os estudos, pois existem gêneros e espécies endêmicos da Mata Atlântica no sul do Brasil, um indicativo de que a floresta persistiu por lá também.
“O trabalho de Maria Tereza cobre certas lacunas que foram deixadas em relação ao trabalho anterior. Apesar de negar a conclusão de que os refúgios só estão ao norte, não inviabiliza a metodologia daquele trabalho, que é bastante útil”, reforçou.
Segundo Haddad, agora se torna necessário aumentar a amostragem para localizar melhor as áreas de refúgios tanto ao norte – que talvez tenha mais – como ao sul.
“A recomendação final que fazemos no artigo resulta de a história da Mata Atlântica parecer ser muito mais complexa do que se imagina e que, provavelmente, será impossível encontrar uma única explicação para a formação de todas suas espécies. Portanto, o planejamento da conservação deve ser feito com mais cautela”, disse Maria Tereza.
Assinam também o artigo Kelly Zamudio, da Universidade de Cornell (Estados Unidos), João Giovanelli, da Unesp, e Flávio Baldissera Jr., da Universidade Católica de Santos.
O artigo Phylogeography of endemic toads and post-Pliocene persistence of the Brazilian Atlantic Forest pode ser lido na Molecular Phylogenetics and Evolution em www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20139019.

Vulnerabilidades das metrópoles

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Altamente urbanizadas, as regiões metropolitanas de Campinas e Santos se expandiram para os municípios vizinhos, nos quais as taxas de crescimento são muito mais elevadas do que nas cidades centrais. Apesar da importância econômica das duas regiões, as características peculiares de sua dinâmica de distribuição espacial e mobilidade populacional foram pouco estudadas até agora, por falta de dados de base.
Durante os últimos cinco anos, um grupo de pesquisadores ligados ao Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se dedicou a preencher essa lacuna, levantando um amplo conjunto de informações e análises sobre a dinâmica sociodemográfica nas duas regiões.
Coordenado por José Marcos Pinto da Cunha – pesquisador do Nepo e professor do Departamento de Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp –, o Projeto Temático “Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade nas metrópoles do interior paulista: Campinas e Santos” teve participação de pelo menos 12 pesquisadores e uma dezena de pós-graduandos, além de assistentes técnicos, estagiários e bolsistas de iniciação científica.
A pesquisa explorou várias linhas de investigação em torno de uma questão central: desvendar os processos sociodemográficos que explicam os impactos do padrão de crescimento dessas regiões metropolitanas sobre a população local. Para avaliar as diferentes capacidades de resposta da população à dinâmica sociodemográfica, os pesquisadores empregaram o conceito de vulnerabilidade.
“A ideia da vulnerabilidade está intrinsecamente associada à questão do risco social e ambiental. Nas várias linhas de pesquisa, avaliamos a questão do risco em relação às diversas linhas de investigação, como a exclusão socioespacial, a dinâmica da família – considerando a posição da mulher, por exemplo –, a questão ambiental e a mobilidade”, disse Cunha à Agência FAPESP.
O grupo partiu da hipótese de que, para enfrentar os riscos, a população dispõe de reservas de capital social e humano caracterizadas por fatores como idade, arranjos familiares, nível educacional, tempo de residência e a existência de redes sociais e organizações comunitárias.
Segundo o pesquisador, enquanto a região metropolitana de São Paulo vem sendo tratada com bastante profundidade – em especial pelo Nepo e pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos Centros de Pesquisa Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP –, as regiões de Santos e Campinas são importantes aglomerações urbanas para as quais havia muito pouca produção na área sociodemográfica.
“Havia necessidade de cobrir essa lacuna no conhecimento a fim de fornecer subsídios para políticas públicas. A proposta era realizar um mapeamento da dinâmica sociodemográfica dessas regiões e o objetivo foi plenamente cumprido – tanto em relação à análise de dados secundários, como na realização de levantamentos amostrais”, explicou.
Com a análise de fontes secundárias, em especial os censos de 1970, 1980, 1991 e 2000, os pesquisadores puderam produzir um retrato das características de expansão territorial das áreas urbanas, mapeando as zonas de vulnerabilidade dentro das áreas urbanas. Na segunda fase do projeto, foram feitos levantamentos amostrais da população das duas regiões.
A exploração dos dados secundários foi consubstanciada em dois produtos que agora estão disponíveis na internet. Um deles é o Atlas da Região Metropolitana, que apresenta um raio X das duas regiões.
“O Atlas deixou evidente que há de fato uma dinâmica metropolitana que vai além dos interesses individuais de cada município. Ele demonstrou que existe um cidadão metropolitano que precisa ser pensado como tal e que as políticas públicas devem ser pensadas em escala metropolitana. É um produto cuja função é menos analítica e mais informativa: disponibiliza um conjunto de informações muito útil para os prefeitos”, disse.
O outro produto derivado da consolidação do conhecimento adquirida com os dados secundários é o livro Novas Metrópoles Paulistas – População, vulnerabilidade e segregação, organizado pelo professor da Unicamp.
“O livro apresenta uma coletânea de artigos que detalha nossas referências teóricas e metodológicas, consolidadas a partir de quatro grandes seminários realizados no decorrer do projeto. A segunda parte é dedicada à análise sociodemográfica, fornecendo ao leitor a visão do que são essas duas regiões em suas configurações socioespaciais. A terceira parte reúne estudos pontuais feitos pelos pesquisadores e pós-graduandos do grupo”, disse.
Na segunda fase do projeto, os pesquisadores iniciaram o processo de produção da pesquisa domiciliar, visitando mais de 3.500 domicílios nas duas regiões.
“Nossa estratégia consistia em explorar ao máximo os dados disponíveis – para não corrermos riscos de ‘reinventar a roda’ – e em seguida aproveitar o aporte do Projeto Temático para fazer a pesquisa domiciliar – que é algo extremamente complexo e que demanda muitos recursos. A FAPESP nos deu essa possibilidade e conseguimos tantos dados que será necessário iniciar outro projeto para analisá-los”, afirmou.
A heterogeneidade das duas regiões metropolitanas criou um desafio metodológico considerável. “Todo o plano amostral foi elaborado para falar da região como um todo e, a partir daí, fizemos uma estratificação, com zonas de vulnerabilidade configuradas por áreas que nem sempre são contíguas”, disse Cunha.
Pela análise, baseada em dados estatísticos, foram definidas quatro zonas de vulnerabilidade em Campinas e três em Santos – todas acentuadamente heterogêneas. “A partir de agora, poderemos estudar as duas regiões como um todo, ou considerando as diferenças entre essas áreas. Envolvendo uma logística complexa, essa pesquisa domiciliar foi um trabalho muito árduo, desde a concepção do questionário até a realização da pesquisa de campo”, disse
Os dados obtidos nas duas fases do projeto abriram portas para um grande esforço de pesquisa. A partir desses subsídios, há várias dissertações e teses atualmente em gestação. As que já foram defendidas foram incluídas no relatório final do projeto.

Universalização marcante
Segundo o pesquisador do Nepo, a vulnerabilidade – conceito central no Projeto Temático – está, de modo geral, ligada à capacidade de resposta das famílias aos diversos tipos de riscos a elas impostas. Por isso, o grau de vulnerabilidade está relacionado à disponibilidade de ativos de que essas pessoas dispõem. “Vemos três fontes importantes de ativos: o mercado, o Estado e o que chamamos de capital social”, disse.
A estabilidade do mercado de trabalho, por exemplo, é um ativo importante. A partir do Estado, a população também dispõe de ativos fundamentais, que vão além da renda, como a disponibilidade de saúde, habitação e educação. Quem tem menos acesso a esses ativos, está mais vulnerável.
“Os estudos de segregação socioespacial mostram que o lugar onde se vive tem grande impacto nas vidas das pessoas. Nessa geografia das oportunidades, o Estado também é uma fonte importante de ativos”, afirmou Cunha.
A comunidade, ou capital social, segundo ele, é mais um ativo fundamental, capaz de tirar os cidadãos da condição de vulnerabilidade. “Uma pessoa pode mobilizar a comunidade em vários níveis, como uma mãe solteira que deixa seus filhos com vizinhos e parentes. Procuramos explorar a relação que as pessoas desenvolvem com sua comunidade em vários níveis. Reunimos muito material de pesquisa qualitativa. Agora esses dados estão disponíveis para outros estudos”, apontou.
Entre os inúmeros dados levantados, um chamou a atenção dos pesquisadores: o tamanho das famílias vem sofrendo redução em ambas as regiões.
“Outro ponto que conseguimos mostrar é a heterogeneidade em termos de acesso a serviços de infraestrutura. No caso do acesso à água, por exemplo, notamos uma universalização marcante, mas encontramos diferenças importantes em relação à qualidade desse acesso – tanto em Santos como em Campinas”, afirmou Cunha.
Mais informações: www.nepo.unicamp.br/vulnerabilidade

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Os mauzões da fita

Os clubes de futebol alemães nunca são notícia por fazerem contratações de jogadores a preços estapafúrdios. Um observador menos atento pode pensar que é porque não têm dinheiro para exorbitâncias. Mas qualquer adepto germânico desmentirá esta possibilidade...

Os clubes de futebol alemães nunca são notícia por fazerem contratações de jogadores a preços estapafúrdios. Um observador menos atento pode pensar que é porque não têm dinheiro para exorbitâncias. Mas qualquer adepto germânico desmentirá esta possibilidade.
Na maior e mais competitiva economia da Zona Euro, as prioridades das equipas que praticam o desporto-rei são as mesmas que noutras regiões. Lutam por ganhar troféus e muitas vezes são bem sucedidas. Mas não alcançam as suas metas desportivas à custa de uma gestão irresponsável. Pelo contrário. Os clubes são conservadores e prudentes na gestão, o que os coloca a salvo das situações de excessivo endividamento e de pré-falência que afectam alguns dos seus principais concorrentes estrangeiros, muitos deles oriundos do sul da Europa.
O exemplo do futebol alemão ilustra uma mentalidade que deve servir de exemplo mas que, no calor das discussões sobre os culpados e as portas de saída da actual crise, tem sido fustigada de forma errada. Na Grécia, em Portugal e em diversas capitais europeias, suspira-se pelo dia em que os alemães larguem os seus hábitos de poupança e se dediquem a mergulhar numa espiral de consumo e de endividamento destinada a salvar as economias europeias em pior situação.
A verificar-se, esta possibilidade poderia, de facto, ajudar a resolver alguns problemas. Mas é necessário não cair em raciocínios falaciosos. Para incutir algum crescimento capaz de ajudar a corrigir os desequilíbrios externos que se verificam entre as nações mais débeis da Europa, seria necessário que os consumidores alemães gastassem mais dinheiro mas, sobretudo, que decidissem consumir produtos fabricados além-fronteiras, de preferência em exclusivo.
Em vez de comprarem um novo BMW quando optassem por trocar de carro, deveriam escolher um automóvel fabricado em qualquer outro lado. Em Portugal ou na Grécia, por exemplo. Para a ajuda ser mais eficaz, deveriam preferir sempre produtos estrangeiros, em detrimento dos que saem das fábricas localizadas em solo alemão. E é aqui que se pode encontrar o busílis da questão.
Uma parte do sucesso da economia alemã está na sua capacidade para gerar uma elevada taxa de poupança. E no facto de os recursos acumulados terem sido aplicados em investigação e desenvolvimento, o que resultou no aparecimento e consolidação de produtos e marcas que garantem qualidade e fiabilidade. Fazem parte dos sonhos de consumo de milhões de pessoas em todo o Mundo.
A Alemanha poupou e trabalhou para ter sucesso. Conseguiu-o. O que têm países como Portugal para oferecer aos consumidores alemães e que os façam substituir o consumo de bens produzidos internamente por outros importados? É esta a questão que, de Portugal à Grécia, tem que ser resolvida, a par de um ataque sério, responsável, sem maquilhagens, ao estado depauperado das respectivas finanças públicas.
Países que derreteram as verbas dos fundos estruturais sem terem melhorado a sua competitividade têm escassa legitimidade para exigir à Alemanha que pague a crise. Primeiro, têm que fazer o trabalho de casa e provar que querem mudar de vida. Tudo o resto é pura demagogia e uma tentativa pífia de encontrar bodes expiatórios onde o que existe são bons exemplos. Nesta crise, os maus da fita não falam alemão.

João Silva

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A SUA CRENÇA É A SUA SENTENCA

Já sabemos, há bastante tempo, que; atraímos para as nossas vidas pessoas que correspondam às nossas crenças internas, aquelas mais enraizadas em nosso subconsciente, ou seja, as que nem sempre ou não facilmente nos damos conta de que alimentamos e, principalmente, que agimos e fazemos escolhas nos baseando nelas.
Estou cada dia mais segura de que as relações que estabelecemos em cada fase das nossas vidas são atraídas e determinadas por nossas “verdades pessoais”, por aquilo que acreditamos ser consistente, coerente, aceitável. Até aí, parece muito fácil identificarmos, então, o que é que determina tais relações. Entretanto, tanto quanto estou certa a nossa crença é a nossa sentença, também estou certa de que é somente com muito auto-conhecimento, coragem e disponibilidade para decifrar os nossos mais profundos conceitos, que podemos conhecer as nossas crenças e transformá-las.
Geralmente (eu diria até que na maioria das vezes), bem pouco ou quase nada sabemos sobre as crenças que fomos absorvendo especialmente nos primeiros 20 anos das nossas vidas. Este é um tempo em que as pessoas mais próximas de nós sempre têm algo de si mesmas para nos “dar como verdade”, seja através de palavras ou de atitudes. Assim, absorvemos delas, o que não necessariamente é verdadeiro para nós.
Somente a partir do momento em que nos reconhecemos como adultos e inteiramente responsáveis por nossas próprias vidas (sem ficar culpando pai, mãe, destino, condição social, física ou financeira ou quem quer que seja por nossos fracassos) é que podemos encarar este amontoado de crenças e, definitivamente começar a botar fora o que não nos serve de nada, adequar aquilo que nos convém e assumir inteiramente aquilo em que realmente acreditamos. Neste momento podemos escolher conscientemente, propositadamente, as nossas crenças e, assim, decidir a nossa sentença.
Não basta afirmar e reafirmar, o tempo todo, indiscriminadamente, que; você quer encontrar uma pessoa para compartilhar a sua vida; que você deseja que o seu casamento dê certo; que tudo o que você mais quer é ser feliz no amor se, de verdade, contundentemente, você não acredita nesta possibilidade. Talvez você ache que acredita; talvez você até queira mesmo acreditar; mas é preciso mais do que “achar” ou “querer”; é preciso transformar as suas crenças internas. Decifrá-las, reconhecê-las, admiti-las como suas e, através de um trabalho profundo e dedicado, “vomitá-las” enquanto venenos e reabsorvê-las como crenças positivas, que levem ao sucesso, à realização e à certeza absoluta de que é possível conquistar o que você deseja.
Como fazer isso? Eu gostaria muito de lhe dizer que é fácil, mas não posso; estaria mentindo. Mas posso dizer que é totalmente possível, o que talvez já seja mais do que você acredita. Você precisa iniciar um processo de auto-observação durante o máximo de tempo que conseguir. Precisa fazer isso com o coração aberto: sem se criticar nem se defender. No se culpe e nem se absolva, apenas se observe, por exemplo: O que você realmente pensa (aquela parte mais dentro de você que você consegue ouvir) quando alguém lhe conta sobre uma relação que está dando super certo? Pensa: “nossa, que legal, tomara que continue assim e que eles sejam cada dia mais felizes...” ou “até prece!!! Nenhuma relação dá tão certo assim... ele só pode estar exagerando ou inventando...”?!? Ou ainda, o que você pensa quando alguém lhe diz que muitos homens querem assumir um compromisso e que muitas mulheres não são interesseiras? Pensa: “que bom que existem pessoas disponíveis e bem intencionadas!” ou “ah, ta... e eu sou o papai-noel...”?!? Este é um bom começo para você saber em quê realmente acredita. Porque aquela voz que você ouve bem baixinho, com som abafado, falando coisas o tempo todo dentro de você, mas que você geralmente maquia, mascara, reformula e expressa de um outro jeito, é a que melhor decifra as suas verdadeiras crenças... Preste atenção, pense nisso!!!
E saiba: o tipo de amor que você atrai é justamente aquele que corresponde com as suas crenças internas. Ou seja, o amor no qual você acredita é o amor que você terá!

‘Brígida Brito’

A MAIÊUTICA DO COTIDIANO

Maiêutica é um método criado por Sócrates com o objetivo de separar a verdade da aparência. Utilizando o raciocínio indutivo – que parte do particular para o geral – serve-se da indagação sistemática que permite a pessoa questionada atingir o conhecimento, por si mesma. É um processo que faz o homem parir idéias. Tal temática é desenvolvida no livro “Teeteto”, de Platão.
Num quotidiano marcado pela imediatidade, pelo efêmero, pela individualidade, pela representação e prelo espetáculo é possível que algumas pessoas associem a Academia de Platão a um local destinado a práticas desportivas para o adestramento do corpo. Numa temerosa analogia ouso afirmar que, quem assim pensa, não está totalmente errado. A Academia platônica também se destinava a um tipo de treinamento, o do espírito.
Neste inicio de milênio, a ciência dessacraliza arraigadas concepções religiosas, rompe com dogmas e introjeta novas formas de pensar e de agir. Falar, em tal contexto, sobre a ironia socrática, a dialética platônica ou a metafísica aristotélica parece ser um exercício para aqueles que, mesmo não tendo sapatos de anjo,insistem em andar nas nuvens.

‘Josinaldo Malaquias’

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A EVOLUÇÃO DA CARREIRA ESTÁ MAIS VELOZ DO QUE NUNCA

Experiência ou ousadia, o que pesa mais na balança quando se pensa no perfil dos executivos do topo organizacional? Há alguns anos, ninguém titubearia em cravar a primeira alternativa. No entanto, algo mudou no cenário e as posições mais seniores deixaram de ser privilégio dos profissionais grisalhos.
Uma nova geração está conquistando postos mais cedo do que a linhagem anterior, comandando equipes formadas por pessoas que, muitas vezes, já estavam na estrada antes mesmo do nascimento de seu líder. O que mudou?
A evolução tecnológica e a rapidez na troca de informações concorrem para a aceleração dos processos e impactam a evolução da carreira.
Em geral, os brasileiros, ao contrario da maioria dos europeus, ingressam no mercado de trabalho muito jovens e, aos trinta anos, acumulam cerca de uma década de experiência. No passado, era normal esperar 25 a 30 anos para alcançar uma posição de diretor-presidente. Hoje é possível fazer essa escalada em apenas 5 anos de atuação na empresa. Como as organizações estão mais simplificadas, com menos níveis hierárquicos, os profissionais têm maior chance de exposição. As companhias também estão focadas mais na competência do que no fator idade.
O que se espera de um presidente ou diretor de empresa?
Liderança, capacidade de motivar e agregar pessoas, carisma, habilidade de adaptação e outras culturas, compreensão do ambiente global e abertura para o novo.
O desafio atual é transformar inteligência em estratégia e informação em conhecimento.

‘Rocha & Coelho’

A GENIALIDADE DE CLARICE LISPECTOR


Não te amo mais.
Estarei mentindo se disser que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza de que
Nada foi em vão.
Sei dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer nunca que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade:
É tarde demais...

OBS.: -" Agora leia de baixo para cima.. Pura arte... Pura genialidade."

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Caminhos para o clima

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Cientistas brasileiros e britânicos discutiram por meio de videoconferência, possibilidades de cooperação entre instituições dos dois países para desenvolvimento de estudos e programas de pesquisa conjuntos na área de geoengenharia, que inclui diversos métodos de intervenção de larga escala no sistema climático do planeta, com a finalidade de moderar o aquecimento global.
O “Café Scientifique: Encontro Brasileiro-Britânico sobre Geoengenharia”, promovido pelo British Council, Royal Society e FAPESP, foi realizado nas sedes do British Council em São Paulo e em Londres, na Inglaterra.
O ponto de partida para a discussão foi o relatório Geoengenharia para o clima: Ciência, governança e incerteza, apresentado pelo professor John Shepherd, da Royal Society. Em seguida, Luiz Gylvan Meira Filho, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), apresentou um breve panorama da geoengenharia no Brasil.
A FAPESP foi representada pelo coordenador executivo do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Carlos Afonso Nobre, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com Nobre, a reunião serviu para um contato inicial entre os cientistas dos dois países. “A reunião teve um caráter exploratório, já que o próprio conceito de geoengenharia ainda não foi definido com precisão. O objetivo principal era avaliar o interesse das duas partes em iniciar alguma pesquisa conjunta nessa área e expor potenciais contribuições que cada um pode dar nesse sentido”, disse Nobre à Agência FAPESP.
Segundo Nobre, a geoengenharia é um conjunto de possibilidades de intervenção dividido em dois métodos bastante distintos: o manejo de radiação solar e a remoção de dióxido de carbono. Durante a reunião, os brasileiros deixaram claro que têm interesse apenas na segunda vertente.
O manejo de radiação solar, de acordo com o relatório britânico, inclui técnicas capazes de refletir a luz do Sol a fim de diminuir o aquecimento global, como a instalação de espelhos no espaço, o uso de aerossóis estratosféricos – com aplicação de sulfatos, por exemplo –, reforço do albedo das nuvens e incremento do albedo da superfície terrestre, com instalação de telhados brancos nas edificações.
A remoção de dióxido de carbono, por outro lado, inclui metodologias de captura do carbono da atmosfera – ou “árvores artificiais” –, geração de carbono por pirólise de biomassa, sequestro de carbono por meio de bioenergia, fertilização do oceano e armazenamento de carbono no solo ou nos oceanos.
A principal diferença entre as duas vertentes é que os métodos de manejo de radiação solar funcionam com mais rapidez, em prazos de um ou dois anos, enquanto os métodos de remoção de gás carbônico levam várias décadas para surtirem efeito.

Sem plano B
O relatório avaliou todas as técnicas segundo eficácia, prazo de funcionamento, segurança e custo. Seria preciso ainda estudar os impactos sociais, politicos e éticos, de acordo com os cientistas britânicos.
Nobre aponta que o Brasil teria interesse em contribuir com estudos relacionados à vertente da remoção de dióxido de carbono, que seria coerente com o estágio avançado das pesquisas já realizadas no país em áreas como bioenergia e métodos de captura de carbono.
“Sou muito cético em relação ao manejo de energia de radiação solar. A implementação dessas técnicas é rápida, mas, quando esses dispositivos forem desativados – o que ocorrerá inevitavelmente, já que não é sustentável mantê-los por vários milênios –, a situação do clima voltará rapidamente ao cenário anterior. Seria preciso, necessariamente, reduzir rapidamente a causa das mudanças climáticas, que são as emissões de gases de efeito estufa”, disse Nobre.
De acordo com ele, as técnicas de manejo de energia solar são vistas, em geral, como um “plano B”, em caso de iminência de um desastre climático de grandes consequências. Ou seja, seriam acionadas emergencialmente quando os sistemas climáticos estivessem atingindo pontos de saturação que provocariam mudanças irreversíveis – os chamados tipping points.
“Mas o problema é que vários tipping points foram atingidos e já não há mais plano B. O derretimento do gelo do Ártico, por exemplo, de acordo com 80% dos glaciologistas, atingiu o ponto de saturação. Em algumas décadas, no verão, ali não haverá mais gelo. Não podemos criar a ilusão de que é possível acionar um plano B. Não há sistemas de governança capazes de definir o momento de lançar essas alternativas”, disse.
A vertente da remoção do dióxido de carbono, por outro lado, deverá ser amplamente estudada, de acordo com Nobre. “Essa vertente segue a linha lógica do restabelecimento da qualidade atmosférica. O princípio é fazer a concentração dos gases voltar a um estado de equilíbrio no qual o planeta se manteve por pelo menos 1 ou 2 milhões de anos.”
Ainda assim, essas soluções de engenharia climáticas devem ser encaradas com cuidado. “A natureza é muito complexa e as soluções de engenharia não são fáceis, especialmente em escala global. Acho que vale a pena estudar as várias técnicas de remoção de gás carbônico e definir quais delas têm potencial – mas sempre lembrando que são processos lentos que vão levar décadas ou séculos. Nada elimina a necessidade de reduzir emissões”, disse Nobre.

Cretáceo preservado

Agência FAPESP – Um grupo internacional de pesquisadores anunciou a descoberta de insetos mortos há cerca de 95 milhões de anos. Por terem sido preservados em âmbar, os insetos estão notadamente bem preservados.
Os cientistas também encontraram diversas espécies de plantas. Juntos, os fósseis ajudam a reconstruir a diversidade e a composição de ecossistemas do período Cretáceo. A descoberta foi publicada no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O âmbar, resina fóssil produzida por árvores, tem grande importância paleontológica, uma vez que é capaz de preservar uma diversa gama de organismos e vestígios remanescentes de habitats pré-históricos.
Os cientistas encontraram âmbar contendo diversas espécies de aranhas, formigas, vespas e outros insetos. Os fósseis foram descobertos na região de Debre Libanos, no noroeste da Etiópia.
Foram encontrados 30 espécimes preservados em nove peças. Segundo os autores do estudo, os fósseis cobrem uma “diversidade impressiva”, que inclui as ordens Acari e Araneae de aracnídeos e pelo menos 13 famílias de Hexapoda (artrópodes com três pares de pernas), das ordens Collembola, Psocoptera, Hemiptera, Thysanoptera, Zoraptera, Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Hymenoptera.
Segundo os pesquisadores, os registros em âmbar são os mais antigos do tipo já encontrados e “constituem descobertas importantes para compreender melhor as origens temporais e geográficas dessas linhagens”.
“Junto com as inclusões microscópicas possíveis de serem observadas, os achados revelam as interações de plantas, fungos e artrópodes durante um período de grandes mudanças nos ecossistemas terrestres, que foram causadas pela propagação inicial das angiospermas”, destacaram.
O artigo Cretaceous African life captured in amber (doi/10.1073/pnas.1000948107), de Alexander Schmidt e outros, poderá ser lido em breve na PNAS em www.pnas.org.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

“BULLYING” – CADÊ OS PAIS?


“VIOLÊNCIA sem o fortalecimento da estrutura familiar não há saída para o impasse nas escolas”

A mídia tem alertado a população a respeito do fenômeno da violência nas escolas, designado pelo que os norte-americanos chamam pelo nome de “Bullying”. O que fazer para superar a violência nas escolas? Ninguém tem uma solução imediata para o grave problema. No entanto precisamos discernir e decidir, propondo medidas concretas, emergenciais. O bom senso, proveniente da experiência humanitária e cristã apontam para os pais de família. Ambos, pai e mãe devem ser envolvidos no planejamento formativo dos seus filhos! Sabemos bem que muitas famílias não apresentam as mínimas condições para tal. Por outro lado, sem o fortalecimento da estrutura familiar não á saída para o impasse da violência nas escolas ou em qualquer outro espaço de convivência humana. Crianças e adolescentes devem ser continuamente orientados. Se muitas famílias não oferecem condições para criar os seus próprios filhos que vivem livres e soltos por aí, as coisas só vão piorar.
Como seria possível aos diretores e professores darem contas do grave problema da formação dos filhos dos outros, se nem em casa a mãe, desmoralizada, consegue? Sim ou não? A verdade é que abusos e agressões têm origem na própria casa. A falta de condições, com um mínimo de garantias para a convivência familiar sadia, gera uma infinidade de problemas sociais. Não me refiro somente à miséria material e sim à miséria moral. Faltam valores referenciais. Desde a abolição da escravatura faltou ao povo brasileiro, a garantia de capacitação e postos de trabalho condignos. O problema da falta de formação é crônico e estrutural. Sem educação, sem o desenvolvimento dos pais, criamos filhos que em pouco tempo crescem e se tornam agressivos. Identificam-se com as ‘galeras’ que os alicia e lhes condicionam impondo códigos de comportamento da moda. Ou então são aliciados por ‘gangs’, ligadas aos chamados de ‘menores infratores’, por sua vez escravos de bandidos traficantes. As nossas crianças se transformam em pouco tempo nos nossos próprios algozes.
A essa altura dos acontecimentos quem acha que é possível arranjar alguma solução para a violência nas escolas? Os índices terríveis de violência crescente ns escolas estão aí. Sobra insulto verbal e físico para todo o mundo. Professores agredidos, ameaçados de morte por alunos, armados, drogados. Pais impotentes, desmoralizados, sofrem todo o tipo de represálias dos filhos. Colegas ofendidos em sala de aula, acossados por agravos físicos e morais pelos pátios, ameaçados de morte, também. Dentro e fora da escola, o clima é violento, ameaçador. Políticas públicas repressivas seriam improvisações que, além de não durar, são remendos piores. Nada de duradouro e verdadeiro se improvisa.
Como organizar um conjunto de políticas consistentes que formem a criança e o adolescente? Esperar por quem? Somente pelos gestores? Como fica o envolvimento da família? O espaço adequado para as crianças e adolescentes se desenvolverem como gente é a família. Sem o referencial familiar nossos filhos se animalizam pelo que assimilam de errado, com gente errada. O afeto e a segurança são fundamentais para o aprendizado e habilidades da criança e para o adolescente em fases de desenvolvimento e transformação. A família deve se integrar à escola! Encontramos em ambas o eixo referencial indispensável para o desenvolvimento humano. A formação moral, o amor ao próximo, o respeito aos outros, enfim o elemento ético, moral entra na composição do aprendizado.
A criança e o adolescente devem ser orientados, tendo percepção das contradições da vida, formando a consciência dos próprios limites que devem ser, também, respeitados no convívio social e assim por diante. A formação da consciência se integra à liberdade usada, pois, com responsabilidade.

‘Dom Aldo Pagotto’