sábado, 31 de julho de 2010

Para fazer alguém feliz é necessário mantê-lo ocupado

Estudo publicado no jornal da Association for Psychological Science

Segundo a mitologia grega, os deuses castigaram Sisyphus, condenando-o a fazer deslizar uma rocha por uma íngreme colina para a eternidade, mas foi melhor do que deixá-lo apenas sentado num espaço até ao fim dos tempos, de acordo com o estudo dos investigadores da Universidade de Chicago. A investigação foi publicada no jornal da Association for Psychological Science.


Os autores da investigação defendem que quem tem alguma coisa para fazer, mesmo que seja algo sem importância, é mais feliz do que aqueles que ficam de braços cruzados. Na sociedade moderna, “a ideia geral de estar interessado em alguma coisa é porque as pessoas estão ocupadas a fazer o que têm de concretizar no dia-a-dia”, explica Christopher K. Hsee, co-autor do estudo, em parceria com Adelle X. Yang, da mesma instituição e Liangyan Wang, da Universidade de Shanghai Jiaotong.

“As pessoas correm numa azáfama desmedida, trabalhando duro, muito para além do nível básico da sua necessidade. Existem razões óbvias, como dinheiro, conseguir fama, ajudar os outros, etc”. Mas, Hsee diz, que há algo mais profundo: “Temos excesso de energia e queremos evitar o ócio”.

Ir mais longe para não esperar

O estudo foi baseado na realização de questionários a um grupo de voluntários. Após preencherem o primeiro, estes tiveram de esperar 15 minutos até ao segundo. As opções eram deixar o inquérito concluído num local próximo e esperar o tempo restante ou deixá-lo num sítio mais distante, onde andar para trás e para frente seria uma forma de mantê-los ocupados durante os 15 minutos. A recompensa era um doce, do mesmo género em qualquer das hipóteses escolhidas. Os voluntários que optaram por permanecer ocupados mostraram-se estar mais felizes do que os que escolheram ficar à espera.

Nem todos optaram por se deslocarem para o local distante. Como os doces oferecidos em ambos os destinos eram os mesmos, alguns indivíduos mostraram-se mais propensos a ficar à espera. Mas caso os doces fossem diferentes, inclinavam-se para a localização distante, para poderem justificar a viagem, referem os cientistas.

Para Hsee, as pessoas gostam de estar ocupadas, e de justificarem aquilo que fazem em benefício da sociedade. “Se conseguirmos conceber um mecanismo para pessoas ociosas, de forma a levá-las a exercer uma actividade é melhor do que o excesso de tarefas". O próprio investigador já é conhecido por dar aos seus assistentes de investigação tarefas inúteis, quando não têm nada para fazer e justifica que é melhor do que estarem sentados no escritório, entediados e deprimidos. “Pode não ser muito ético, mas estão felizes”, revela.


Com a devida venia a Ciencia Hoje

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Unanimidade nacional

Sendo eu um curioso e, longe de ser um especialista, com o risco de perguntar bobagens, mas porque Chico Buarque é considerado “unanimidade nacional”? Ora, só depois de ter sido presenteado por um amigo com o livro “Histórias de canções Chico Buarque”, de Wagner Homem, foi que tive a real dimensão desse compositor de inegável talento e de biografia artística incomum.
Através da batida inconfundível de João Gilberto, com seus acordes econômicos, um banquinho e um violão, sem a necessidade de um vozeirão impostado, o arrebataram para a música com versos musicais glamoroso, estiloso e fantástico!
Difícil não jogar confete no cara que compôs obras primas como Construção (1971), Cálice (1973), Valsinha (1970), Bastidores (1979), Vai passar (1984), A banda (1966). Em relação a essa última, o mestre Nelson Rodrigues, conhecido pela escrita livre e pensamento anárquico, diz: “... a mais doce música da terra. Dias depois, eu próprio ouvi a marchinha genial. E a minha vontade foi sair de casa, me sentar no meio-fio e começar a chorar. Com ‘A banda’, começa uma nova época da MPB”.
O livro ganha notoriedade entre leitores seletos, que julgam o seu protagonista como extraordinário, afora os etcéteras que eu poderia alinhar aqui se dispusesse de espaço nessa coluna. É injusto compará-lo com quem levou uma vida construindo um nome. Não haverá outro Fellini, outro Chacrinha, nem um novo Lupicínio. Toda obra sofre influência da época em que se vive, e esta não se repete jamais.
Em tempos da ditadura, a implicante e implacável censura, não dava moleza com as composições de Chico Buarque. Para fugir dessa perseguição, no início da década de 70, começou a compor com os pseudônimos de Julinho da Adelaide e Leonel Paiva; autores contra os quais não pesava nenhuma suspeita. Ele tinha razão. Sempre era aprovada sem restrição.
No caso da letra Apesar de você (1970) “Hoje você é que manda/Falou, tá falado/ Não tem discussão...” - Tudo ia bem, até que uma notinha publicada num jornal insinuou que o “você” era na verdade o presidente Medice. Claro, já preparado, disse cinicamente que se tratava de uma mulher muito mandona.
O samba para Vinícius (1977) foi um pedido feito por Toquinho em homenagem a outro importante parceiro. Concluído o texto (verso) ficou a própria fotografia do poetinha, ou seja, sintético, direto, original, próprio da inteligência excepcional que só o Chico tem.
É bacana ligar o rádio e ouvir uma boa música, principalmente aquelas já bem conhecidas da MPB. Melhor, então, quando se ouve “pérolas de nostalgia” tipo o Fado tropical (1972-73), aliás, minha preferida, “Oh, musa do meu fado/ Oh, minha mãe gentil/ Te deixo consternado/ No primeiro abril...”.
Finalmente compreendi: porque o grande Chico tem a tal falada “unanimidade”.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fundo da origem do Universo

Agência FAPESP – Uma imagem de todo o céu.

Parece exagero?

Pois é o que o observatório espacial Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), acaba de produzir, pelo menos na visão com que foi concebida a missão.

Segundo a ESA, o mapa – resultado de um ano de imagens obtidas pelo Planck – fornece um novo olhar sobre como as estrelas e as galáxias se formam e amplia o conhecimento a respeito de como o Universo surgiu.

Essa é a primeira varredura de todo o plano de fundo cósmico feita pelo observatório que “enxerga” em microondas. Até o fim da missão, previsto para 2012, devem ser feitos mais três mapeamentos completos. O Planck foi lançado em maio de 2009.

“É para isso que o Planck foi projetado. Não estamos dando uma resposta, mas abrindo a porta para um Eldorado no qual cientistas podem buscar as pepitas de ouro que levarão a um conhecimento muito mais aprofundado de como o Universo se tornou o que é e como ele funciona atualmente”, disse David Southwood, diretor de exploração robótica e científica da ESA.

“A imagem que estamos divulgando agora tem uma qualidade notável e representa um tributo para os engenheiros que construíram e operam o Planck. Agora, é a hora de começar a colheita científica”, enfatizou.

Das partes mais próximas da Via Láctea aos mais distantes alcances do espaço e do tempo, a imagem do céu completo feita pelo observatório é, segundo Southwood, um tesouro extraordinário de dados para os astrônomos.

O disco principal da Via Láctea se estende no centro da imagem, envolto por correntes de poeira fria. Essa espécie de teia é onde novas estrelas estão sendo formadas e o Planck encontrou muitas áreas em que estrelas individuais estão prestes a nascer ou no início de suas existências.

As bordas ao alto e no rodapé da imagem mostram a radiação cósmica de fundo em microondas (RCFM). Trata-se da mais antiga luz no Universo, que representa os vestígios do Big Bang, há mais de 13 bilhões de anos.

Enquanto a Via Láctea exibe a aparência atual do Universo, essas microondas indicam como ele se parecia perto do momento de sua criação, antes de surgirem as galáxias e as estrelas. E é aí que está o cerne da missão Planck: ajudar a explicar o que ocorreu no Universo primordial a partir do estudo desse plano de fundo.

A RCFM cobre todo o céu, mas a maior parte – do ponto de vista da Terra – é escondida por conta da emissão de luz da Via Láctea. Por conta disso, os cientistas da missão vão remover digitalmente os dados da galáxia de modo a exibir o fundo de microondas na sua totalidade.

Quando isso estiver pronto, o Planck revelará a mais precisa imagem desse plano de fundo já obtida. A dúvida para os astrônomos é se os dados revelarão a assinatura cósmica do período primordial conhecido como inflação cósmica – conforme teorizado em 1981 pelo cosmologista norte-americano Alan Guth.

Segundo Guth, esse período teria ocorrido pouco após o Big Bang e resultado em um enorme crescimento exponencial do Universo em um espaço de tempo relativamente curto.

Mais informações: www.esa.int/planck

terça-feira, 13 de julho de 2010

Eleitores...

Um sujeito comprou uma geladeira nova e para se livrar da velha, colocou-a em frente a casa com o aviso:
"De graça. Se quiser, pode levar". A geladeira ficou três dias, sem receber um olhar dos passantes.
Ele chegou à conclusão que as pessoas não acreditavam na oferta. Parecia bom demais para ser verdade, e ele mudou o aviso:
"Geladeira à venda por R$ 50,00".
No dia seguinte, ela tinha sido roubada!

Cuidado! Esse tipo de gente vota!
===============================================================

Olhando uma casa para alugar, meu irmão perguntou à corretora de imóveis de que lado era o Norte, porque não queria que o sol o acordasse todas as manhãs.
A corretora perguntou:
"O sol nasce no norte?".
Quando meu irmão explicou que o sol nasce no Leste (aliás, há um bom tempo isso acontece), ela disse:
"Eu não me mantenho atualizada a respeito desse tipo de coisa".

Ela também vota!

================================================================
Antigamente, eu trabalhava em suporte técnico num centro de atendimento a clientes em Manaus. Um dia, recebi um telefonema de um sujeito que perguntou em que horário o centro de atendimento estava aberto. Eu disse a ele:
"O número que o senhor discou está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana."
Ele perguntou:
"Pelo horário de Brasília ou pelo horário de Manaus?"
Para acabar logo com o assunto, respondi:
"Horário de Manaus".

Ele vota!

================================================================
Um colega e eu estávamos almoçando no restaurante self-service da empresa, quando ouvimos uma das assistentes administrativas falando a respeito das queimaduras de sol que ela havia tido, ao ir de carro ao litoral.
"Estava num conversível, mas não pensei que ficaria queimada, pois o carro estava em movimento".

Ela também vota!

==============================================================
Minha cunhada tem uma ferramenta salva-vidas no carro, projetada para cortar o cinto de segurança, se ela ficar presa nele.
Ela guarda a ferramenta no porta-malas!

Minha cunhada também vota!

==============================================================
Amigos meus foram comprar cerveja para uma festa, e notaram que os engradados tinham desconto de 10%.
Como era uma festa grande, compraram 2 engradados.
O caixa multiplicou 10% por 2 e lhes deu um desconto de 20%.

Ele também vota!

===============================================================
E meus amigos, mesmo percebendo o “erro” do caixa, pagaram e saíram rindo!

Eles também votam!!!

=======================================================================

Saí com uma amiga e vimos uma mulher com um aro no nariz, atrelado a um brinco, por meio de uma corrente.
Minha amiga disse:
"Será que a corrente não dá um puxão a cada vez que ela vira a cabeça?".
Expliquei que o nariz e a orelha de uma pessoa permanecem à mesma distância, independente da pessoa virar a cabeça ou não.

Minha amiga também vota!

===============================================================
Eu não conseguia achar minhas malas na área de bagagens do aeroporto. Fui então até o setor de bagagem extraviada e disse à mulher que minhas malas não tinham aparecido.
Ela sorriu e me disse:
"Não se preocupe, porque sou uma profissional treinada e o senhor está em boas mãos. Apenas me informe: o seu avião já chegou?".

Ela também vota!

============================================================

Esperando ser atendido numa pizzaria, observei um homem pedindo uma pizza para viagem.
Ele estava sozinho e o pizzaiolo perguntou se ele preferia que a pizza fosse cortada em 4 pedaços ou em 6.
Ele pensou algum tempo, antes de responder:
"Corte em 4 pedaços... Acho que não estou com fome suficiente para comer 6 pedaços".

Adivinhou?? Isso mesmo, ele também vota!
==============================================================
Pronto!!!
Agora você já sabe QUEM elege nossos políticos...

DIÁRIO DE UM HOMEM MADURO NO GINÁSIO‏

Acabei de completar 50 anos. A minha mulher ofereceu-me um voucher de uma semana num dos melhores ginásios. Estou em excelente forma mas achei boa idéia diminuir a minha "barriguinha". Fiz a marcação dessa semana no ginásio. A personal trainer que me vai seguir chama-se Catarina, tem 26 anos, é monitora de aeróbica e modelo. Recomendaram-me que escrevesse um diário para documentar o meu progresso, que transcrevo a seguir.

Segunda-feira
Com muita dificuldade levantei-me às 6 da manhã. O esforço valeu a pena. A monitora parece uma deusa grega: loira, olhos azuis, grande sorriso, lábios carnudos e corpo escultural. Primeiro mostrou-me todos os aparelhos de ginástica. Comecei pela bicicleta. Ao fim de 5 minutos mediu as minhas pulsações e ficou alarmada porque estavam muito aceleradas. Mas não era da bicicleta: era por causa dela, por estar vestida com uma malha de lycra justíssima que lhe moldava as formas todas. Gostei do exercício. Ela consegue dar-me imensa motivação. Começo a sentir uma dor constante na barriga de tanto a encolher.

Terça-feira
Tomei o pequeno almoço e fui para o ginásio. A monitora estava melhor que nunca. Comecei por levantar uma barra de metal. Depois ela atreveu-se a pôr pesos!!!
Tinha as pernas fracas mas consegui completar UM QUILÓMETRO na passadeira. O sorriso arrebatador que a monitora me deu no fim da manhã convenceu-me de que todo este exercício vale a pena... É uma vida nova para mim.

Quarta-feira
A única forma de conseguir escovar os dentes foi segurar na escova com os cotovelos apoiados no lavatório e mexer a cabeça de um lado para o outro. Conduzir também não foi fácil: estender os braços para meter as mudanças foi um esforço digno de Hércules. Dói-me o peito. As plantas dos pés doem de cada vez que carrego nos pedais. Fisicamente diminuído, estacionei o carro no lugar reservado para deficientes, até porque só consigo andar a coxear. A monitora estava com a voz um pouco aguda. Quando grita incomoda-me muito. Quando me pôs um arnês para fazer escalada todo o corpo me doeu. Para que é que alguém inventa um aparelho para fazer escalada quando isso ficou obsoleto desde a invenção dos elevadores? A monitora disse-me que este exercício me ia ajudar a ficar em forma, ou a gozar a vida...

Quinta-feira
A monitora estava à minha espera com os seus dentes de vampiro horríveis. Cheguei meia-hora atrasado: foi o tempo que demorei para conseguir calçar os sapatos. A desgraçada pôs-me a trabalhar com os pesos. Quando se distraíu, fui-me refugiar na casa de banho. A gaja mandou um outro monitor ir buscar-me.
Como castigo pôs-me na máquina de remar... Estou todo rebentado.

Sexta-feira
Odeio essa desgraçada. Estúpida, magra, anémica, chata e feminista sem cérebro! Se houvesse uma parte do meu corpo que eu pudesse mexer sem sentir uma dor excruciante, partia ao meio essa sacana. Quis que eu trabalhasse os meus trícipetes... EU NEM SABIA O QUE ERA ESSA COISA DOS TRÍCIPETES!!! E se não bastasse colocar-me pesos nos braços, pôs-me aquelas tretas das barras... Desmaiei na bicicleta. Acordei numa maca. Uma nutricionista, uma idiota com cara de estúpida, deu-me uma seca sobre alimentação saudável.

Sábado
A filha da mãe deixou-me uma mensagem no telemóvel com a sua vozinha de lésbica assumida a perguntar por que é que eu não apareci. Só de ouvir aquela vozinha fiquei com ganas de partir o telemóvel, mas não tive forças para o levantar. Carregar nas teclas do comando da televisão para fazer zapping está a ser um esforço tremendo...

Domingo
Não me consigo levantar.
Pedi a um amigo meu para agradecer a Deus por mim na missa por ter sobrevivido a esta semana que felizmente já acabou. Rezei para que no ano que vem a desgraçada da minha mulher me dê qualquer coisa um pouco mais divertida, como um tratamento dentário, um cateterismo ou até mesmo um exame à próstata.

"Autor desconhecido..."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A pegadinha

Sou da época em que não existia ainda a televisão e nem esses outros trecos tecnológicos pós-moderno. Eis a razão pela qual assistir uma malandragem de “pegadinha” então, nem pensar.
No insólito consultório odontológico, estava eu lá, aguardando a minha vez para dá início àquele insurpotável tratamento cirúrgico. Aguardando também por aquela pergunta já manjada: “ei, você tá bem?” E pela ainda mais hipócrita saudação “tudo bom?”. Ora, é claro que não – senão, eu não estaria aqui.
Enquanto assistia na recepção, juntamente com outros clientes, um desses programas de “pegadinha” - pode parecer oportunista ou de piadas, mas é exatamente o contrário – não é que eu me lembrei de um episodio ocorrido na minha infância, quando morava na cidade do Padre Rolim – Cajazeiras, precisamente na Rua Bonifácio Moura.
Passava gente pra lá e passava gente pra cá como, de resto, acontece em qualquer calçada. Principalmente, numa cidade do interior em pleno dia de feira-livre. Sem mudanças visíveis, sem nuances.
E eu... confesso agora... descobrira (há tempo) que tinha um plano na cabeça. E esse plano se baseava numa picante “pegadinha”, a exemplo do que aparece hoje. Onde a idéia consistia colocar no meio da calçada um pacote bem arrumado, em papel de presente, contendo em seu interior um frasco de Perfume de Alfazema cheio de urina.
A bem da verdade, a invenção e a organização dessa tremenda presepada tiveram também a participação da minha turminha (criançada). Com frio na barriga, mal me agüentava nas pernas, não só pela curiosidade como pelo medo do desdobramento que estava para acontecer.
Não demorou muito para um matuto, vindo de algum sítio da redondeza, mesmo com a pulga atrás da orelha – olhava para trás, olhava para os lados – apanhou a pequena caixa. Mal sabia ele que naquele embrulho se encontrava.
Abro um parêntese, para dizer que o tal matuto era um tipo original: baixinho, bigodinho quase imperceptível, pele tostada pelo sol, chapéu de palha enterrado até as sobrancelhas, usando uma calça frouxa de brim e um casaco feito de retalhos coloridos.
Ih... não é que o sujeito caiu direitinho na armadilha.
Pense numa popa! Que vexame!
Com uma baita cara de mau, puto da vida, espumando pela boca, totalmente fora de si, saca uma peixeira, e aos berros:
-Peraí! O que é isso?!
- Vê, eu sou macho. Cadê o f.p. que fez isso? Eu mato e ainda bebo o sangue.
Da varanda da minha casa (escondidinho) a tudo observávamos, pra ver o bicho que ia dar – e que deu!!!

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O próton encolheu

Agência FAPESP – Um experimento feito há anos pelos físicos de partículas acaba de ser conduzido novamente. Mas, desta vez, o resultado foi inesperado, na contramão dos anteriores. Um grupo internacional mediu o tamanho do próton e verificou que o raio da partícula elementar é 4% menor do que se pensava.

O estudo é o destaque da capa da edição da revista Nature. De acordo com o artigo, o próton é 0,00000000000003 milímetro menor do que, pelo menos em teoria, deveria ser.

A diferença é ínfima, mas a teoria em questão está longe disso. E o resultado pode implicar que ela, a eletrodinâmica quântica (QED, na sigla em inglês), seria falha. Justo ela, que foi chamada de “joia da física” por um de seus fundadores, o célebre físico norte-americano Richard Feynman.

A eletrodinâmica quântica basicamente descreve como a luz e a matéria interagem e é a primeira teoria em que se chegou a um bom acordo entre a mecânica quântica e a relatividade especial (publicada por Albert Einstein em 1905).

A QED descreve matematicamente todos os fenômenos envolvendo partículas com carga elétrica que interagem por meio da troca de prótons e representa a contrapartida quântica da eletrodinâmica clássica, descrevendo a interação entre matéria e luz.

Encontrar uma diferença em uma das mais bem-sucedidas teorias produzidas pelo homem não estava nos planos dos físicos teóricos. “Trata-se de uma discrepância muito grave. Há algo seriamente errado em algum lugar”, disse Ingo Sick, da Universidade de Basel, na Suíça, à Nature.

Prótons são um dos constituintes essenciais de todos os núcleos atômicos e, portanto, da matéria. Junto com os nêutrons, formam o núcleo de todo átomo no Universo. Mas, apesar de sua onipresença, o próton continua misterioso para os cientistas. “Sabemos pouco de sua estrutura interna”, disse Randolf Pohl, do Instituto Max Planck de Óptica Quântica, na Alemanha, um dos autores do estudo.

De longe, o próton parece como um pequeno ponto com carga positiva. Mas, ao ser observado de perto, vê-se que se trata de uma partícula muito mais complexa. Cada próton é composto de partículas fundamentais menores, chamadas quarks.

Cientistas podem medir o tamanho de um próton ao observar como um elétron interage com ele. Um único elétron orbitando um próton pode ocupar apenas determinados – e discretos – níveis de energia, os quais são descritos pelas leis da mecânica quântica.

Alguns desses níveis de energia dependem em parte do tamanho do próton e, desde a década de 1960, os físicos têm feito centenas de medidas do tamanho da partícula, cada vez com maior precisão. As mais recentes estimativas, feitas por Sick e seu grupo, calcularam o raio do próton como tendo aproximadamente 0,8768 femtômetro, ou menos da quadrilionésima parte de 1 metro.

Pohl e colegas chegaram a um valor menor, de 0,84184 femtômetro, ao usar um “primo” do elétron, o múon. Múons são cerca de 200 vezes mais pesados do que os elétrons, sendo portanto mais sensíveis ao tamanho do próton.

Para medir o raio do próton por meio do uso do múon, os cientistas arremessaram múons em um acelerador de partículas em uma nuvem de hidrogênio.

O núcleo do hidrogênio é formado por um único próton orbitado por um elétron. Eventualmente, um múon substitui um elétron, passando a orbitar o próton. Com o uso de lasers, o grupo conseguiu medir níveis de energia muônica relevante com extrema exatidão, verificando o raio 4% menor.

A diferença não é pequena como pode parecer. Na realidade, é tão grande que o grupo simplesmente ignorou os resultados encontrados em experimentos realizados em 2003 e em 2007. “Achávamos que os equipamentos usados então não eram bons o suficiente”, disse Pohl.

O próton encolheu, mas aumentaram exponencialmente as dúvidas. “E agora? Não sei”, disse Sick. Ele não duvida do resultado, mas afirma não conhecer uma forma de torná-lo compatível com anos de medições anteriores.

Uma possibilidade é que partículas desconhecidas estariam influindo na interação entre múon e próton. Tais partículas seriam as “superparceiras” das partículas existentes, como previsto pela teoria conhecida como supersimetria, que procura unificar todas as forças fundamentais da física, com exceção da gravidade.

Mas isso é apenas uma suposição. O que se sabe com certeza é que nos próximos meses os físicos de partículas estarão ocupados passando pente fino nas medições realizadas nas últimas décadas, de modo a tentar encontrar o que pode ter sido feito de errado nos experimentos, inclusive nesse mais recente. Ou, então, concluir que há realmente uma falha na eletrodinâmica quântica.

O artigo The size of a proton (doi:10.1038/nature09250), de Randolf Pohl e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

Mais informações sobre o experimento de Pohl e colegas: https://muhy.web.psi.ch/wiki

Primeiras estrelas

Agência FAPESP – Muitas das estrelas mais antigas da Via Láctea são remanescentes de outras galáxias menores que foram dilaceradas por colisões violentas há cerca de 5 bilhões de anos. A afirmação é de um grupo internacional de cientistas, em estudo publicado pelo periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Essas estrelas anciãs são quase tão antigas como o próprio Universo. Os pesquisadores, de instituições da Alemanha, Holanda e Reino Unido, montaram simulações em computadores para tentar recriar cenários existentes na infância da Via Láctea.
O estudo concluiu que as estrelas mais antigas na galáxia, encontradas atualmente em um halo de detritos em torno dela, foram arrancadas de sistemas menores pela força gravitacional gerada pela colisão entre galáxias.
Os cientistas estimam que o Universo inicial era cheio de pequenas galáxias que tiveram existências curtas e violentas. Esses sistemas colidiram entre eles deixando detritos que eventualmente acabaram nas galáxias existentes atualmente.
Segundo os autores, o estudo apoia a teoria de que muitas das mais antigas estrelas da Via Láctea pertenceram originalmente a outras estruturas, não tendo sido as primeiras estrelas a nascer na galáxia da qual a Terra faz parte e que começou a se formar há cerca de 10 bilhões de anos.
“As simulações que fizemos mostram como diferentes relíquias observáveis na galáxia hoje, como essas estrelas anciãs, são relacionadas a eventos no passado distante”, disse Andrew Cooper, do Centro de Cosmologia Computacional da Universidade Durham, no Reino Unido, primeiro autor do estudo.
“Como as camadas antigas de rochas que revelam a história da Terra, o halo estelar preserva o registro do período inicial dramático na vida da Via Láctea, que terminou muito tempo antes de o Sol ser formado”, disse.
As simulações computacionais tomaram como início o Big Bang, há cerca de 13 bilhões de anos, e usaram as leis universais da física para traçar a evolução das estrelas e da matéria negra existente no Universo.
Uma em cada centena de estrelas na Via Láctea faz parte do halo estelar, que é muito mais extenso do que o mais familiar disco em espiral da galáxia.
O estudo é parte do Projeto Aquário, conduzido pelo consórcio Virgem, que tem como objetivo usar as mais complexas simulações feitas em computador para estudar a formação de galáxias.

Monthly Notices of the Royal Astronomical Society

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Convidado trapalhão

Se você participou de festa de formatura no interior, lá pelos idos dos anos setenta, vai se lembrar. Era muito comum um parente convidado para ser paraninfo nesse tipo de solenidade, com direito a retribuir, como presente, o anel de formatura e ter que dançar a tradicional valsa.
Assim, nessa toada, é que fui convidado pela minha tia a ir a Cajazeiras (já morando em João Pessoa) para participar desse evento. Sendo informado, logo que cheguei, tintim por tintim de toda a cerimônia em volta da grande festa de conclusão do seu curso de nível médio (pedagogia), realizar-se à noite.
Neste meio tempo, procurei visitar os velhos amigos pela cidade. Conversa vai, conversa vem, ou seja, molhando as palavras, e, por incrível que pareça e nada que se pareça é incrível, não é que me esqueci do meu compromisso para tal festa.
Haja todo mundo a me procurar. Depois de muita, mas muita busca fui localizado. Ora, foi um deus-nos-acuda. “Tenho vontade de matá-lo!”, vociferou minha tia concluinte. Pelo jeito, os bons modos, foram “pro brejo”. Fosse hoje, sugeria contratar um “personal trainer” para controlar a sua língua.
“Oxente! O que foi que aconteceu? Mas que diabo fiz, cacilda? Ué, mas já está na hora?” – manifestei. Na época, jovem, dos problemas do mundo (atraso de compromisso), este deveria estar certamente no final da fila.
Diante daquela cantilena – sermão moralista. “Tudo bem, tudo bem, vamos à festa”, disse. “Tudo bem uma pinóia, você vai pra casa, agora!”, retrucou-me. Depois de tomar a saideira, sem olhar para os lados, zarpei dali levitando escoltado por um batalhão de familiares raiventos.
Lembro bem, e parece ter sido ontem. Após o banho e trocarem (isso mesmo!) a minha roupa, dirigimos ao local da solenidade, onde todos já se encontravam por um bom tempo. O suor me escorria em bicos pelo rosto. Permaneci ali ofegante, desejando que o tempo passasse rápido. Apesar de abrir um sorriso de orelha a orelha, apertando os olhos, deu para observar na plateia uns dizendo, em sussurros e de pé-de-ouvido, “esse rapaz está estranho!”.
Sim, foi uma comédia. A rigor, uma tragédia. Porque raio eu aceitei esse convite, lastimava a todo o momento. Mas, o pior estava para acontecer: quando fomos chamados pelo cerimonial, sob flashes e holofotes, para fazer a entrega do diploma, como também, passar às mãos o anel, cadê o danado? Tudo que era bolso do paletó havia sido revirado, e nada.
Pense no fuzuê! Quase tive uma espécie de amnésia repentina – “blecaute mental”. Bufando e lançando-me um olhar de raiva, misto de escárnio e revolta, principalmente da arrependida tia, acabei por fim localizando o infeliz.
Certa vez José Saramago escreveu que não existe dia festivo, nós é que o tornamos festivo por fazê-lo diferente. Que pese os entreveros, acho que fiz a diferença nessa bendita festa.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA