domingo, 20 de fevereiro de 2011

Quando as sondagens comandam o destino de um País


Em Portugal os partidos políticos vivem debaixo da constante analise de resultados de sondagens, para definirem o seu destino no curto prazo, em termos de estratégias no assalto ao poder.
Verifica-se um treme-treme intenso nos salões das sedes partidárias, sempre que surge uma nova sondagem dando vantagem para este ou aquele partido, ou uma recuperação na imagem deste ou daquele politico.
As sondagens são assim o fiel depositário do futuro, e é precisamente nelas que pesa o destino de um governo, de um governante, de um partido no governo de um País, e do destino do próprio País.
É perfeitamente ridícula a analise da situação com base nos índices de sondagens, que por norma em Portugal, acabam por ter resultados tão erráticos que mais parecem o boletim “mentereológico”, realizado com base na velha máxima do dedo fora da janela ao romper da aurora para se tentar saber se fara chuva ou sol, ou se a temperatura media do ar ira permitir uma saída de casa em mangas de camisa.
A acreditar nas sondagens, jamais Cavaco Silva teria obtido uma maioria absoluta, Sócrates não teria oportunidade de governar no primeiro mandato com maioria, e quem sabe; Soares jamais teria sido eleito Presidente da Republica frente a Freitas do Amaral nos idos anos 80 do século passado.
Com base nessas mesmas sondagens, observa-se agora uma divisão de poder politico, que apresenta um País radicalmente dividido, e preparado para uma autentica salsada governativa, sob pena de; se estar perante uma situação de impasse, ou pior do que isso; numa situação de ingovernabilidade a boa maneira italiana.
Perante este emaranhado de irracional incerteza, os partidos, e os seus lideres não assumem arriscar um milímetro na nobre arte do derrube governamental, sob pena de seguirem a tragédia do saudoso PRD, (partido criado a imagem dos velhos partidos presidencialistas, e que teve presença efêmera na politica nacional...) quando decidiu derrubar um governo, e se viu eclipsar da politica, para além de ajudar a abrir o caminho para a primeira maioria absoluta de um só partido politico verificada em Portugal nos idos de 87.
A quem mais agrada esta incerteza, é aos partidos charneira, ditos marginais que observam com muito agrado a possibilidade de se chegarem a “gamela” do poder, para compartilhar o seu quinhão. Falo do CDS/PP, e do BE, que cada um per si estão já de namoro adiantado com o PSD e com o PS, respetivamente, e nem sequer o fato de ser o BE o instrumento de aparente desestabilização nacional, com a ameaça de apresentação de uma moção de censura ao governo, deixa de ser significativo na estratégia de Sócrates, para se tornar mais uma vez vitima, e com essa vitimização fazer passar junto do eleitorado a imagem de marca de um ser atacado e que não pode fazer mais e melhor devido a esses constantes ataques... pessoais e políticos...
Para o cidadão comum o que aparenta é um ataque cerrado do BE as politicas de Sócrates, mas para mim o que surge como muito mais obvio é um autentico trabalho de Maquiavel entre Sócrates e Louça, para forçar o PSD a mostrar a sua real natureza de momento, e se posicionar num beco sem saída.
Esta estratégia maquiavélica, coloca o PSD entre a espada e a parede, pois se por um lado ao votar favoravelmente a moção de censura iria ser acusado de desestabilizador, por outro, ao não apoiar essa mesma moção, vai ser olhado pelo eleitorado oposicionista como; mais uma vez a muleta do próprio PS, defendendo a manutenção do seu governo, a custa de chumbo na moção... por via de uma abstenção envergonhada.          
Eu não gostaria de estar hoje na pele de Pedro Passos Coelho que depois de ver o poder a distancia de um estender de mão, percebe agora que esse mesmo poder pode afinal não ser mais do que uma mera miragem no meio do oásis politico, podendo inclusivamente, face as sondagens mais otimistas, chegar a tocar no poder sem efetivamente dispor de capacidade governativa, tornando-se num autentico joguete nas mãos do Presidente da Republica por um lado, e de uma oposição maioritária por outro...
Conquistar o poder, mas não governar efetivamente, é fazer a triste figura de palhaço pobre que só serve para colocar as crianças a rir, e esse pode ser o papel futuro do líder do PSD.
As tais ditas cujas sondagens colocam o PSD na frente do PS, mas deixam uma margem de manobra maioritária baseada em credibilidade e aceitação, a uma forte oposição, que hoje é maioria, e que pode continuar a ser poder, mesmo que na sombra... baseada no chamado contra-poder.
“João Massapina”  

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