quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A 25 de Março

São Paulo não é a cidade de meus sonhos nem de meus pesadelos. Declarada, por alguns, como a pátria dos nordestinos, por outros, a locomotiva econômica de nosso país. Mesmo assim, quando a visito, como recentemente, além de explorar as suas maravilhas culturais, artísticas e gastronômicas, não deixo de visitar o festejado comércio da “25 de março”.
Nesse centro de compras e negócios tem produtos nacionais e importados para todos os gostos. É possível comprar CDs, DVDs, aparelhos de sem, roupas, óculos, tênis, perfumes e outras coisas duvidosas (ou seja: falsificadas), é claro, para manter a tradição. Os preços às vezes inacreditáveis, de cair o queixo. Calcula-se que 50% do que circula ali é fruto da falsificação ou contrabando, razão pela qual se justifique esse mudaréu de gente, uma verdadeira muvuca mercantil.
Mas aí que tá: dificilmente alguém escapa dessa armadilha e malandragem comercial. Visto que, na sua maioria, esses produtos de marcas conhecidas são fabricados na China – como sendo alemão, inglês ou norte-americano - porque lá se pagam os mais baixos salários do mundo, levando tais mercadorias a uma invasão indiscriminada para outros países, desbancando irremediavelmente os fabricantes nacionais.
No fundo, no fundo, essas indústrias, para não falirem, transferem suas fábricas para a China que, por sua vez, produzem artigos de preços competitivos e de baixa qualidade.
Volto a ele. O comércio mais bombado de São Paulo. Apesar de ser um “point” de objetos piratas - dizem uns; perguntei, por curiosidade, o preço de um relógio Rolex, numa dessas lojas de Shopping-Galeria, e a vendedora, todo prestimosa e mascando chiclete, respondeu-me:
-Essa peça admirável custa apenas R$ 250,00... não é uma pechincha?
Tomou fôlego e acrescentou:
-Esse relógio possui lente de safira e é aprova d’água... de ótima qualidade!
Ih! Desconfiado, não comprei. Procurei outra loja mais sortida, e a encontrei, onde era comercializada réplica (repito: réplica!) de relógios fashion (masculino e feminino), de todas as marcas e modelos famosas, made in France, swiss, germany, italy, japan.
Decidido. Acabei comprando um relógio por um preço razoável. Porém, quando fui pagar com o meu cartão de crédito, subitamente, o dono do estabelecimento - acredito que sim, de etnia coreana ou chinesa, quase enfartou aos berros:
-Nô, nô, nô... cartão nô! Só dinheiro!
Pois bem. Se a gente não muda com a vida... a vida muda com a gente! Notadamente, quando alguém é vítima (de bobeira) da eficiência ferramenta do mundo business.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

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