segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Fenômeno explosivo das motos


Um dia desses, já no final da tarde, peguei o carro e fui buscar a minha consorte no seu trabalho. De repente dei de cara com um motoqueiro andando a mil pelo corredor dos veículos – um autêntico kamikaze; buzinando feito um louco, fazendo todo tipo de barbeiragem no trânsito.
            Não sei por quais cargas d’água achei de baixar o vidro do carro e dar uma espiada para ver quem era o sujeito de incrível ousadia. Como diz um amigo: “foi doidera!”. Aproximando de mim, ele tirou o capacete, sem pestanejar e enfezado, disparou em tom de deboche:
            -Prego (frize-se: pateta, otário)! Algum problema!?
            Entreolhamo-nos, meio embaraçado (ou melhor: com medo!), arregalei os olhos, segurei-me na direção, e um pouco, digamos, “lento no pensamento”, respondi:
            -Ué! Não há problema algum.
            Não sei se foi culpa da tal “linguagem de motoqueiro” ou se foi a sua movimentação atrevida, mas o fato é que fiquei desapontado e angustiado com essa história, e até os dias de hoje, quando vejo um motoqueiro indisciplinado com as regras do trânsito, fico ruminando àquela resposta (à altura) que não veio.
            Você leitor deve estar perguntando por que eu gastaria meu precioso tempo falando sobre isso. Explico. Ocorre que o Brasil, segundo o jornal a Folha, está se transformando num país das motos. Veja: 46% das cidades brasileiras têm mais motos do que carros. No início da década passada, em 2001, isso ocorria em 26% das cidades, contra 74% com predominância de automóveis.
            Realmente é um fenômeno explosivo. Havia 7,4 milhões de motos em 2005; atualmente, são 15,3 milhões –variação de 105%. No mesmo período, o número de carro, hoje cerca de 35,4 milhões, cresceu 40%.
            Detalhe cabuloso: O office-boy virou motoboy. O transporte público se rendeu ao moto táxi. O jegue deu lugar à moto. E, para escapar de engarrafamentos ou de ônibus caros, lentos e desconfortáveis, muito gente decidiu se tornar motociclista ou motoqueiro.
            Ademais, senti-me nauseabundo com o número de motoqueiros mortos, que saltou de 725 em 1996 para mais de 8.000 no ano passado. Isto significa que morreram, em média, 22 pessoas por dia em acidentes com motos em 2009.
            Em minha opinião, razoavelmente correta, diante deste novo cenário preocupante, em que já se vislumbra uma situação pior do que está, é necessária uma rediscussão sobre a própria legislação de trânsito. URGENTE!!!

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA

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