terça-feira, 12 de outubro de 2010

Diplomas a detentos

Não, não quero exibir dotes de adivinho, que não tenho. Mas, como disse nosso ilustríssimo senador Cristovam Buarque quando disputava a eleição em 2006, “só três coisas podem salvar o Brasil: educação, educação e educação”.



Isso remete a uma matéria jornalista que li mostrando que na Argentina, através da oferta de ensino superior nos principais presídios, resultaram apenas 5% dos presos que se formaram na prisão voltaram a cometer delitos, enquanto o índice geral (sem utilização dessa ação pedagógica) foi de 26% no primeiro semestre de 2010.


Esse programa oferecido pelo Serviço Penitenciário Federal em parceria com a Universidade de Buenos Aires já atendeu a mais de 2.500 alunos. O que vem confirmar o triste retrato da hipocrisia e da mentira pensar que a solução é unicamente reprimir e trancar os presos.


Pinço da narrativa de um apenado universitário, condenado por assalto, a seguinte revelação: “Nós conhecemos o direito na carne antes de conhecer a teoria e tentamos entendê-lo para estar em liberdade o mais rápido possível”. Já de outro detento: “Por estarmos presos, somos os críticos mais legítimos desse sistema. E, como temos contato com o exterior, podemos transmitir a falência do lugar onde estamos”.


E o melhor: o contato com a universidade fez com que os presos mudassem as formas de reivindicação e optassem por caminhos menos violentos. Antes resolviam os problemas com greves de fome e motins. Hoje, sabem que podem defender seus direitos usando as ferramentas que a lei oferece.


Como perguntar não ofende, então eu pergunto: por que não se aplica aqui no Brasil esta ordem de sistema prisional? Bom. Sem joguetes de adjetivos, não se aplica porque falta exercício de vontade política. A Justiça é cega, mas nossas autoridades precisam de um transplante de córneas. Não é possível, mais, conviver com o tecido social doente desse jeito: iníquo e amoral.


Vale notar, mesmo com uma cultura terceiro-mundista, porém com as responsabilidades de potência emergente, ainda nos deparamos com essas cadeias e penitenciárias horripilantes, verdadeiras masmorras, depósitos humanos de excluídos, sem as mínimas condições dignas de vida.


Está fácil, muito fácil, entender “los hermanos” argentinos. De uma coisa eu sei. Um dia vamos despertar, pois nenhum sonho é eterno. Perceberemos, no entanto, que para mudar e acabar com esse tipo de mazela, precisa-se dizer: é agora ou nunca!






LINCOLN CARTAXO DE LIRA


(lincolnconsultoria@hotmail.com)

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