quinta-feira, 24 de junho de 2010

A emoção da pescaria

Se há duas coisas que eu gosto de fazer na vida, além das óbvias, é pescar e cuidar de jardim. Porém, das citadas, que mais me fascina (como entretenimento) é a pescaria.
Você que fica aí nesse chororó porque tua vida tá uma porcaria. Pois saiba que vai piorar. Levante-se, pegue um caniço e vá pescar. Antídoto este para qualquer adversidade.
A emoção da pesca esportiva está na sua qualidade e não do seu resultado a ser alcançado: quantidade de peixes. Outra: se você tem certeza de que não vai comer o peixe que fisgou, devolva-o à água, para que ele se desenvolva e se multiplique. Conciliando, deste modo, preservação com o prazer da pesca.
Sou da época - lá em Cajazeiras, garoto peralta que fui - não existia ainda essa parafernália de equipamentos para pesca, como existe atualmente. Tudo era simples: uma vara extraída da mata dos arredores da cidade, um fio de algodão e um anzol que logo se enferrujava.
Bons tempos aqueles. Fosse às águas do Açude Grande, do Açude de Luiz Guarda ou da Barragem Santo Antônio, nada escapava da minha argúcia e sagacidade do hábito da pesca, aliado a uma paixão inarredável pelas coisas da natureza.
Quem teve oportunidade conhecer de perto um verdadeiro pescador – aquele que vive da atividade pesqueira, certamente vai identificá-lo pelos costumes, o quotidiano, as conversas; quase sempre simpático, comunicativo, engraçado, disposto, elétrico e meio desfocado.
Ademais, tem fama de inventar os casos mais incríveis. Certa feita, um velho amigo, com sua fina ironia, saindo em defesa de um pescador, disse: “Qualquer um sabe dizer a verdade, mas é preciso inteligência para mentir”. À contrário da verdade, a mentira desenvolve a imaginação: “Pô mano! Falar a verdade é fácil, difícil é mentir bem, como pescador”.
Começar o dia vendo a beleza do mar da praia de Lucena, sempre é um abre-te-sesamo. Um sussurro aqui, uma insinuação ali dos banhistas, não me incomoda se terei ou não êxito com minha pescaria. Pois “somos o que amamos”, é uma expressão que está incluída na fraseologia de Santo Agostinho.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

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