sexta-feira, 22 de julho de 2011

Bem Vindos ao Cairo

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A primeira visita é sempre cheia de recomendações para quem não conhece o país, as gentes, a cultura.
Começa logo com os nãos.
Algumas, são apenas observações minhas, de entre o que vou vivendo e o que me vão explicando.
Estou aqui há um mês.
Não se pode beber água da torneira.
Não é permitido vender bebidas alcoolicas nos supermercados.
Não há bebidas alcoolicas nos menus dos restaurantes e embora alguns as sirvam,
é preciso saber que locais as têm.
Não há regras de trânsito, literalmente.
tem prioridade quem passa primeiro e quem buzina mais. ´
Caótico!
Até hoje, ainda só vi 3 sinais de trânsito:
“proibido falar ao telemóvel”
“proibido buzinar” e
“sentido proibido”
Ainda assim, é de longe o melhor caos organizado que conheço.
Não há muita liberdade para se vestir o que se quer, pelo menos da parte das mulheres.
Eles dizem-se modernos e a caminhar para a aproximação ao mundo ocidental,
mas ombros e joelhos à mostra, ainda são mal vistos pela maioria da população.
Há quem não faça caso disso, mas os nomes atribuidos a essas mulheres daquela forma sorrateira, não são os mais bonitos.
Eu sou, claramente, uma dessas mulheres. 
Mas ainda não me atrevi a vestir um dos meus lindos e frescos vestidos. Pelo sim, pelo não, deixem-me ganhar a confiança deles.
Não se deve ter medo de atravessar a estrada ou rua.
A estrada é de todos, dos carros e dos peões.
Os passeios existem para albergar entulho e detritos e coisas que tal.
Não se deve ter medo da aventura que é atravessar uma rua.
A lógica é mandarmo-nos em frente, e ir passando por entre os carros e as buzinadelas.
E neste caso, as buzinadelas servem de aviso para ter cuidado, para nós sabermos a proximidade do carro a nós.
E não por zanga.
Não se deve parecer muito turista, ou muito europeu ou Americano.
A probabilidade de termos taxis e miúdos atrás de nós como se estivéssemos cobertos de ouro é gigantesca.
Não se deve ceder.
Não se deve abrir a carteira cheia de notas nestas situações.
Não pelo medo do roubo, que aqui ninguém rouba nada a ninguém.
Mas por respeito pelos que vivem abaixo do limiar da pobreza.
Porque depois pedem-nos o mundo e arredores com toda a lata.
Dizem eles que somos ricos e 15 Libras Egípcias não nos fazem falta nenhuma.
E têm razão, 15 Libras egipcias são quase dois euros e dá para 15 refeições de Kushari.
Acima de tudo, não se deve desdenhar esta cultura.
Eles são o que são, e nós é que temos de nos adaptar.
levam a vida com uma leveza única.
Menos preocupada e menos dolorosa.
Eles vivem bem, e felizes.

Cláudia Rocha Gonçalves

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