quarta-feira, 25 de maio de 2011

Vitória em Ásculo

Estava a observar os naturais festejos da direita com a estrondosa vitória do PP em Espanha ao mesmo tempo que os juros deles e de Itália sobem, indiferentes às politicas locais, numa corrida para ver quem chega primeiro à próxima  bancarrota. Se, como há grandes hipóteses de ocorrer, o PSD vencer as eleições e formar governo com o CDS, assistiremos durante os próximos doze meses a um previsível festim de culpabilização e diabolização do PS pelo “estado em que encontrámos isto”, o que justificará o abandono ou a “impossibilidade de implementação” de muitas medidas do “extraordinário” programa eleitoral do PSD, que entusiasma tanta gente,  e a tomada de outras que lá não estão e vão passar a estar.
Cinismos políticos à parte, a questão que me ocorre, no entanto, é a seguinte: nada no programa eleitoral do PSD e CDS permite perceber onde é que vão desencantar o crescimento económico que necessitamos para sair desta situação. Pior, é bastante provável que os investimentos em ciência, tecnologia, parque escolar, renováveis, rede de carros eléctricos, qualificação via novas oportunidades, etc etc, sejam riscados do mapa das prioridades simplesmente porque são símbolos da governação de Sócrates que importará abater, para além da fixação miópica nos baixos custos de produção que a direita lê no FT ser a “nossa única hipótese”. Este, receio bem, é o nosso trágico destino. O que significa que daqui a dois anos, quando a desculpa PS estiver gasta, teremos mais uma governação falhada, uma economia provavelmente em crise profunda, uma fortíssima contestação social e, o que é mais importante,  os três partidos do arco da governação queimados pela crise. E depois, o que é que fazemos?

In: Aspirina B

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